A história do DNA: Parte 2

Saiba mais sobre como James Watson e Francis Crick, com a participação essencial de Rosalind Franklin, descobriram a estrutura de dupla hélice do DNA

Em 1951, o jovem biólogo James Watson chegava à Universidade de Cambridge aos 23 anos e já com o título de doutor em mãos. Lá ele encontrou Francis Crick, que aos 35 anos ainda trabalhava no seu doutorado, devido ao tempo que passou no exército na 2a Guerra Mundial. Menos de dois anos após se conhecerem, a dupla faria uma das mais importantes descobertas científicas do século: eles revelariam a estrutura do DNA.

Para fazer a descoberta, eles se apoiaram em diversos estudos realizados anteriormente, como explicamos em “A história do DNA: Parte 1“. Mas também tiveram a ajuda fundamental de uma cientista cujo nome é muitas vezes esquecido quando essa história é contada: Rosalind Franklin.

A foto de DNA

DNA visualizado com técnica de raio-X.

No mesmo ano de 1951, Franklin utilizou técnicas de raio-X para produzir uma foto do DNA que ganhou o nome de Fotografia 51. A imagem evidenciava, pela primeira vez, que o DNA poderia ter uma estrutura no formato de dupla hélice. Em novembro daquele ano, ela apresentou sua pesquisa em um seminário, que contava com a presença de Watson na plateia.

Watson e Crick rapidamente elaboraram um modelo baseado na foto obtida por Franklin. Entretanto, eles inverteram a ordem dos elementos que formam o DNA: se pensarmos nele como uma escada, Watson e Crick propuseram que as “letras” (as bases nitrogenadas) estariam na parte externa, formando o corrimão, enquanto os fosfatos estariam na parte interna, formando os degraus. Franklin, que tinha grande conhecimento de química, avisou a dupla de que seu modelo não poderia estar certo.

A=T, C=G

Fita de DNA, A ligado com T, C ligado com G.

Em 1950, o bioquímico austríaco Erwin Chargaff forneceu mais uma pista para Watson e Crick: as quantidades de adenina (A) no DNA eram sempre similares às quantidades de timina (T), e o mesmo era válido para a citocina (C) em relação à guanina (G).

Watson observou em seguida que não apenas as quantidades, mas também as estruturas de A e T eram similares, assim como as de C e G. Cada par de letras é como um modelo chave-fechadura, de forma que A só consegue se ligar com T, e C só consegue se ligar com G. A descoberta mostrou a Watson e Crick que Franklin estava certa: na verdade, eram as letras no DNA que estavam na parte interna da estrutura, formando os degraus da escada.

Assim, em 8 de abril de 1953, a dupla anunciou a descoberta da estrutura do DNA na conferência de Solvay, na Bélgica. Pelo trabalho, os cientistas foram laureados com o prêmio Nobel de Medicina em 1962, dividido com Maurice Wilkins.

Estrutura do DNA em dupla hélice: bases nitrogenadas ao centro e estrutura de fosfato e desoxirribose como o corrimão de uma escada.

Saber que o DNA tem uma estrutura em dupla hélice mudou para sempre nosso entendimento sobre biologia molecular. Esse conhecimento elucidou, por exemplo, o mecanismo pelo qual o DNA é replicado em todos os seres vivos e nos ajudou a entender como os genes funcionam.

Reconhecendo Rosalind Franklin

Até hoje, ainda há polêmicas sobre o fato de Watson e Crick não terem dado o devido crédito à Franklin pelas suas contribuições na descoberta da estrutura do DNA. Apenas depois de receber o Nobel, Watson disse que Franklin também deveria ter sido agraciada com o prêmio.

Além disso, há discussões sobre a utilização dos dados de Franklin pela dupla sem o seu consentimento. Wilkins, na época, trabalhava no mesmo laboratório que Franklin e muitos acreditam que ele revelou informações sobre o trabalho de Franklin para Watson e Crick sem avisar a cientista. 

No livro autobiográfico de Watson, “A dupla hélice”, publicado em 1968, ele escreve: “Rosy, é claro, não nos deu diretamente seus dados. Aliás, ninguém sabia que eles estavam em nossas mãos”.

As descobertas sobre o DNA continuam…

Após a descoberta da estrutura do DNA, o conhecimento sobre genética continuou avançando. Em 1955, por exemplo, Joe Hin Tjio descobriu que humanos têm 46 cromossomos em cada célula (com exceção dos óvulos e espermatozóides, que têm 23). Vinte anos depois, Frederick Sanger desenvolveu um método para ler a sequência de letras do DNA, que ficou conhecido como método de Sanger.

Através desse método e com outras inovações tecnológicas que surgiram ao longo do tempo, o Projeto Genoma Humano foi iniciado em 1990 e finalizado em 2003. Ele revelou que o genoma humano tem cerca de 22.500 genes capazes de produzir proteínas e que o nosso DNA tem aproximadamente 3,1 bilhões de letras. 

Com o rápido avanço da ciência e da tecnologia, o processo de sequenciamento de DNA que há duas décadas custava milhares de dólares e demorava anos para ser realizado, hoje pode ser feito por preços muito mais acessíveis e em poucas semanas.

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