DNA de cientista: Rosalind Franklin

Conheça mais sobre a vida da cientista que teve um papel fundamental na descoberta da estrutura do DNA

Quando ouvimos a história da descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, fala-se bastante de James Watson e Francis Crick. O nome de Rosalind Franklin, infelizmente, é muitas vezes esquecido. Mas a química britânica desempenhou um papel fundamental nesta que foi uma das maiores descobertas científicas do século XX.

“Assustadoramente inteligente”

Franklin nasceu no dia 25 de julho de 1920 em Londres, em uma influente família judaica da Inglaterra. Quando tinha seis anos de idade, sua tia Helen Bentwich falou para seu marido: “Rosalind é assustadoramente inteligente – ela passa o tempo todo fazendo contas por prazer e, invariavelmente, acerta todas”.

Aos 11 anos, ela passou a estudar em uma das poucas escolas para meninas de Londres que ensinavam física e química. Lá, Franklin sempre esteve entre as melhores alunas de suas classes e se formou com distinção em 1938, ganhando uma bolsa de estudos para a universidade. Seus pais, que ficaram conhecidos por ajudar judeus que fugiam do nazismo na Europa – principalmente crianças – pediram que ela desse sua bolsa para um estudante refugiado.

No mesmo ano, Franklin começou sua graduação em Ciências Naturais no Newnham College, da Universidade de Cambridge. Ela se formou em 1941 e, quatro anos depois, obteve seu título de doutorado com pesquisas que estudaram a estrutura físico-química do carvão mineral.

Fotografando o DNA

DNA observado com técnica de raio-X.

Em 1950, Franklin ganhou uma nova bolsa de estudos para trabalhar no King’s College de Londres. Originalmente, ela iria se dedicar a pesquisas de difração de raio-X em proteínas e lipídeos. Mas John Randall, então diretor da unidade em que Franklin estava, a direcionou para o estudo do DNA, devido a avanços importantes que estavam acontecendo nesta área. Na época, pouco se sabia sobre a estrutura da molécula.

Junto com seu aluno e assistente Raymond Gosling, Franklin utilizou técnicas de raio-X para produzir a icônica Fotografia 51. Pela primeira vez, uma imagem evidenciava a estrutura em dupla hélice do DNA. Em novembro de 1951, ela apresentou sua pesquisa em um seminário:

“Os resultados sugerem uma estrutura helicoidal (que deve ser muito compacta) contendo duas, três ou quatro cadeias de ácido nucléico coaxial por unidade helicoidal, e tendo os grupos de fosfato próximos ao lado externo.”

Assistindo ao seminário na plateia estava James Watson. Dois anos depois, após aprofundar suas pesquisas, ele e seu colega Francis Crick publicaram o modelo da dupla hélice que solucionou a questão da estrutura do DNA.

A dupla hélice e a replicação do DNA

Processo de replicação do DNA: uma fita gera duas.

A descoberta da estrutura do DNA é considerada uma das mais importantes do século XX pois elucidou também o mecanismo pelo qual o material genético é replicado nos seres vivos.

Imagine que uma das hélices do DNA é chamada de A e a outra de B. Para se duplicar, as hélices se separam e duas novas são criadas a partir de cada uma delas. Como as bases nitrogenadas que formam o DNA são complementares (A se liga com T e C se liga com G), a hélice A original produz uma nova B e a hélice B original produz uma nova A. Assim, ao final do processo, temos duas moléculas de DNA, cada qual com uma fita da molécula original e outra criada a partir do pareamento das bases.

Em 1962, Watson, Crick e Maurice Wilkins dividiram o prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da estrutura do DNA. Após ser laureado, Watson disse que, idealmente, Franklin também deveria ser agraciada com um prêmio Nobel de Química pelas suas contribuições.

Uma cientista a vida inteira

Em 1956, Franklin começou a suspeitar que estava sofrendo com problemas de saúde e uma operação feita no dia 4 de setembro revelou dois tumores em seu abdômen. Mesmo enquanto fazia tratamentos médicos a cientista não parou de trabalhar e seu grupo de pesquisa publicou sete artigos científicos naquele ano e outros seis no ano seguinte.

Em 1958, seu estado de saúde voltou a piorar. Um dia antes de divulgar a estrutura do vírus do mosaico do tabaco, na qual vinha trabalhando ao longo dos últimos anos, ela não resistiu e faleceu devido a um câncer no ovário, aos 37 anos. Seu colega Aaron Klug continuou seu trabalho e recebeu o prêmio Nobel de Química em 1982.

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