Sobrenomes mais comuns no Brasil: descubra suas origens

Você sabe a origem dos sobrenomes da sua família? Assim como os nossos nomes têm diversos significados e origens, os sobrenomes também contam histórias que ajudam a determinar quem somos e de onde viemos.

Uma pesquisa de 2016 do Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada), que analisou 46 milhões de nomes de trabalhadores com cadastro na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), revelou que 87,5% dos cadastrados tinham nomes de origem ibérica (de Espanha ou Portugal).

A partir da análise dos sobrenomes mais herdados pelos brasileiros, é possível traçar um panorama sobre a nossa ancestralidade e a formação da população do nosso país.

Origem dos sobrenomes: descobrindo sua origem

Em alguns países da Europa Central (como Alemanha e Hungria), da América do Norte (EUA e Canadá) e da Ásia (China e Japão, por exemplo), é muito comum as pessoas se chamarem pelos sobrenomes. Essa cultura familiar geralmente inclui histórias e brasões, além de outros símbolos e documentos históricos.

No Brasil, o uso do sobrenome sempre esteve ligado à elite, que desde a época da colonização representa uma minoria populacional. Por isso, ainda existe uma maior valorização sociocultural das famílias consideradas “tradicionais”.

Já no interior, é muito comum se referir a pessoas e famílias utilizando referências práticas do cotidiano, geralmente ligadas à função laboral. É por isso que, em pequenas comunidades, as pessoas preferem perguntar “Você é filho de quem?”, muitas vezes ignorando o sobrenome. E os parentes do “José da Silva”, por exemplo, são muito mais conhecidos como a família do “Zé da Padaria”.

Como surgiram os sobrenomes

Todo sobrenome, independentemente do contexto social, possui uma origem histórica e um significado. Mas a origem e a composição dos sobrenomes não seguem uma única regra.

Há cerca de 3 mil anos antes de Cristo, os Chineses já usavam sobrenomes (especula-se que eles foram os primeiros). Durante o Império Fushi, o nome completo era composto por três elementos: 

  • Primeiro o sobrenome, escolhido dentre as 438 palavras de um poema sagrado;
  • Depois o nome da família, que também vinha de um poema;
  • E, por último, o nome próprio.
Graças ao ditador romano, o nome “César” acabou virando uma alcunha. Além da classe de líderes romanos, os imperadores alemães (Kaiser) e russos (Czar) também foram batizados graças a ele.

Séculos depois, durante o Império Romano, os cidadãos tinham até 3 nomes próprios, com referência à família e a si mesmos, mas nenhum sobrenome. O ditador Júlio César, na verdade, se chamava Caio Júlio César, exatamente como seu pai.

Com o  passar dos anos, os sobrenomes acabaram virando alcunhas e determinando, por exemplo, a classe de líderes romanos. Mesmo sem serem descendentes de Júlio César, o nome de César passou a ser atribuído a chefes de outros países, em outros idiomas.  Exemplos: Kaiser, do Império Alemão, e Czar, do Império Russo.

Na Europa do século 14, houve um grande crescimento populacional após a devastação pela peste negra. Junto ao número de pessoas, cresceu também a necessidade de distinguir as famílias para manter a estrutura social da época. Para a nobreza, isso era importante para garantir a descendência “pura”, além de garantir que os demais cidadãos permanecessem sob a tutela dos seus senhores.

Sobrenomes brasileiros e abrasileirados

Os sobrenomes mais comuns da América do Sul evidenciam a forte influência europeia na formação da população e da cultura. Por causa da colonização espanhola, Gonzalez é o mais comum em Argentina, Chile, Paraguai e Venezuela. Na Colômbia e no Uruguai, Rodríguez tem predominância. Já Garcia, o sobrenome mais comum na Espanha, é também o mais popular no Equador.

Aqui no Brasil, a origem dos sobrenomes também está diretamente ligada à nossa ancestralidade e ao processo de colonização, com grande destaque para a herança portuguesa, além da espanhola e da europeia em geral.

Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, recebeu 15 sobrenomes ao nascer. Esse era um costume da família para cultuar as crenças, fazer homenagens e perpetuar a história. Dentre os sobrenomes de Dom Pedro I estão: “João” era uma referência a D. João V, rei de Portugal, e “Carlos” foi uma homenagem à mãe, Carlota Joaquina. Já “Miguel” e “Rafael” são referências a São Miguel Arcanjo e São Rafael Arcanjo.

O nome completo de Dom Pedro I continha homenagens para cultuar crenças e perpetuar a história de personagens importantes para a família real portuguesa.

E a herança indígena?

Dentre os países da América do Sul, apenas Bolívia e Peru têm sobrenomes de origem ameríndia como os mais comuns. No Brasil, nenhum dos 50 sobrenomes mais populares é indígena. Mas para onde foi essa herança nativa? Existe um sobrenome 100% brasileiro?

A explicação histórica para esse apagamento vem da colonização. A Coroa portuguesa impunha a cultura europeia, incluindo o idioma e a religião, sobre todo o território do Brasil Colônia. Além disso, imigrantes de outros países mudavam de nome ao chegar no Brasil, geralmente para fugir de perseguições e recomeçar uma nova vida aqui.

Indígenas e negros foram rebatizados e tiveram de adotar, por força e conveniência, nomes e sobrenomes ibéricos. Esse eurocentrismo, ou seja, a imposição da história e da cultura europeia sobre o resto do mundo, causou um apagamento histórico que é refletido na falta de representatividade dos povos que formaram a população do Brasil nos sobrenomes brasileiros.

Por isso, de acordo com o texto que acompanha a pesquisa do Ipea citada no início deste texto, os métodos de sobrenome não são apropriados para identificar a ancestralidade indígena ou africana. Ter um sobrenome europeu não necessariamente significa ser descendente de pessoas desses locais, e não ter um sobrenome indígena ou africano, mesmo tendo antepassados desses lugares, significa que parte dessa história foi apagada.

A origem dos sobrenomes mais populares

De acordo com o pesquisador Claudio Campacci, autor do livro “Os Sobrenomes Mais Comuns do Brasil”, o sobrenome fala muito mais de quem as pessoas são, por mais que elas não saibam tudo sobre a origem das próprias famílias.

Por isso, vamos contar aqui a origem dos sobrenomes mais populares entre os brasileiros. Conheça os 3 mais comuns:

Silva

Mais de 5 milhões de brasileiros assinam esse sobrenome, além de mais um milhão com a variação “da Silva”. Ele foi difundido ao ser adotado por pessoas escravizadas, imigrantes e crianças que não conheciam os pais. Silva também é o sobrenome mais comum em Portugal.

Derivado do latim, significa selva, ou floresta. A tese mais aceita é a de que o sobrenome teve origem no século 11, no solar de uma família de nobres do Reino de Leão, uma das antigas monarquias ibéricas, chamado de Torre e Honra de Silva.

Santos

Somando o número de brasileiros que têm os sobrenomes “Santos” e “dos Santos”, são quase 5 milhões de pessoas. Por aqui, ele foi atribuído aos portugueses que se estabeleceram na província da “Bahia de Todos os Santos” (que hoje compreende o estado da Bahia), e também adotado pelos escravizados africanos que moravam ali após a abolição da escravatura, em 1888.

A origem é cristã, derivando do latim “sanctus”, que significa “santo”. Durante a era medieval, era o sobrenome dado aos nobres ibéricos que nasciam no Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro. Uma parte da família Santos pode ter tido origem na Sierra de los Santos, que fica na Andaluzia, sul da Espanha.

Oliveira

Mais de 4 milhões de certidões de nascimento carregam o sobrenome “Oliveira” ou “de Oliveira” no Brasil. Ele se popularizou com a chegada dos imigrantes, principalmente na região Nordeste.

Existem várias teorias sobre a origem deste sobrenome, mas todas estão diretamente ligadas à árvore da azeitona, que era registrada como “olveira” no português arcaico. Essa alcunha, que designava quem tinha plantações desse fruto, surgiu no século 13 com Pedro Oliveira, um homem muito rico de Évora, uma cidade conhecida pelos diversos olivais em Portugal.

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