Dentre tantos povos que fazem parte da formação da população brasileira, os povos africanos se destacam pela importância e legado.
Vindos de diferentes regiões do continente africano esses povos chegaram ao Brasil em diferentes ocasiões e trouxeram consigo seus idiomas, gastronomia, dança, ritmos musicais, religiões e a força e resistência que fazem parte de sua história.
Entenda como e quando aconteceu a chegada de alguns povos africanos ao Brasil e a influência de seu legado em nossa população e cultura.
Diversidade dos povos africanos A diversidade dos povos que habitam a África é extremamente plural, tanto pela riqueza das próprias populações de ancestralidade africana, quanto por conta do contato com diferentes outros povos, como do Oriente Médio e Europa. O continente africano pode ser dividido em duas grandes faixas: Região Norte ou África Saariana: os povos dessa região tiveram contato com outras populações como fenícios, árabes, romanos e gregos. Inclui onde hoje conhecemos como Marrocos, Egito, Tunísia, Líbia e Argélia. Abriga a menor parte da população do continente e tem grande influência árabe. Região Sul ou África Subsaariana: se localiza ao sul do deserto do Saara, abriga a maior parte da população do continente africano, e conta com grande diversidade étnica e cultural. Algumas das populações que hoje vivem nessa região da África ainda mantêm vivas as tradições mais antigas das tribos que ali habitavam. |

Atravessando o Atlântico: quando e por que os africanos vieram ao Brasil?
Por volta no final do século XVI iniciou-se o tráfico de pessoas escravizadas que trouxe milhões de pessoas oriundas de diferentes regiões da África para o Brasil. Essas pessoas eram trazidas por Portugal a bordo dos navios negreiros, em condições extremamente precárias, a fim de servir como mão-de-obra.
As situações precárias não acabavam quando as pessoas escravizadas chegavam no território brasileiro, já que as condições de trabalho eram igualmente desumanas.
O tráfico de pessoas escravizadas foi de 1539 até 1850 no Brasil, totalizando cerca de 4 a 5 milhões de pessoas trazidas à força do continente africano para o nosso país. Muitas serviram à indústria açucareira, mas também trabalharam nas plantações de café, algodão, em pequenas manufaturas, em fazendas de gado e no trabalho doméstico. Apenas em 1888 foi abolida a escravidão no Brasil, o que não significou que as pessoas escravizadas – agora livres – fossem integrados à sociedade e tivessem acesso às mesmas condições que as outras pessoas. Infelizmente, o resultado dessa desigualdade ainda persiste e é visto até hoje na sociedade brasileira. |
Dentre os principais grupos étnicos africanos que chegaram ao Brasil no período colonial destacam-se os bantos e os oriundos da África Ocidental.
Os bantos no Brasil
Também chamados de bantus, foi o grupo étnico mais numeroso que chegou ao Brasil. Vieram dos territórios que hoje conhecemos como Angola, República Democrática do Congo e Moçambique. Tinham como principal destino o Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os povos bantos compreendem diversos subgrupos diferentes, com alguns costumes em comum, e cujas línguas maternas são sempre da mesma família linguística: as línguas bantus.
Segundo registros arqueológicos, os bantos praticavam agricultura, cultivando cereais, por exemplo, e em sua maioria viviam em tribos.
Os povos da África Ocidental no Brasil
Anteriormente conhecidos como sudaneses, esses povos incluíam grupos étnicos como os iorubás, jejes, fanti-ashantis, fula, mandinga, hauçás e tapas. Vindos do que hoje conhecemos como Nigéria, Gana, Benin, Togo, Guiné e Guiné-Bissau, o principal destino dessas pessoas era a Bahia.
Muitos dos nativos dessas regiões seguiam o islamismo e, por isso, sabiam falar, ler e escrever em árabe. Segundo os estudiosos, eles provavelmente eram mais letrados do que seus próprios “senhores” aqui no Brasil que, às vezes, eram analfabetos.
É possível ver a influência islâmica desses povos nas roupas das baianas: seus turbantes remetem à vestimenta típica dos mulçumamos.

Segundo estudos, Angola foi a principal fonte de pessoas escravizadas trazidas por Portugal para o Brasil, seguida por outros lugares da costa oeste.
Os povos do Norte da África no Brasil
Ao longo da história do Brasil também chegaram por aqui representantes dos povos do Norte da África, como Marrocos, Argélia e Egito.
Boa parte da presença desses povos no Brasil se deve aos judeus sefarditas, ou seja, aos descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha que instalaram-se no Norte da África devido a perseguições religiosas. Esses povos começaram a emigrar para o Brasil a partir de 1810, sendo que a maior parte deles chegou ao nosso país entre 1890 e 1910, quando o ciclo da borracha atraía trabalhadores para a região norte do país.
Influência dos povos africanos no Brasil
Cada grupo étnico que chegou aqui no Brasil contribuiu em diferentes graus para a formação das populações locais. Confira alguns desses legados culturais dos povos africanos no Brasil.
Gastronomia
A culinária brasileira é cheia de influências dos povos africanos. Como muitas mulheres escravizadas africanas eram responsáveis pela cozinha nas fazendas e engenhos, elas acabaram enriquecendo a culinária brasileira com seus saberes, formas de preparo, ingredientes e pratos como azeite de dendê, as pimentas, o vatapá, a cocada e outros doces de tabuleiro.
O acarajé é um delicioso bolinho frito no azeite de dendê e feito com massa de feijão temperada e camarão, e é considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO.
Suas origens remontam do Benim e a receita original pede que o feijão seja moído em uma pedra especial, que lembra um pilão, chamada pedra acarajé – daí o nome dessa iguaria.
O acarajé também tem um importante simbolismo religioso para as religiões de matriz africana.

As raízes africanas também possibilitaram a criação de diversos pratos típicos das festas juninas, como você pode ler em Do milho ao quentão: conheça a origem de 11 comidas de festa junina.
Dança e música
Muitas das danças e ritmos musicais típicos brasileiros se originaram a partir das manifestações culturais africanas. Dentre essas temos como exemplo o samba, o axé, a lambada e o pagode.

A capoeira é uma expressão cultural afro-brasileira que une dança, luta, canto, musicalidade e esporte, tudo em uma só arte!
Religiões
Assim como as músicas de origem africana, que foram por muito tempo perseguidas no Brasil, as religiões também foram, já que eram entendidas como paganismo. Por isso, como uma forma de resistência, as religiões africanas começaram a se misturar com outras crenças para continuar sendo praticadas.
As religiões afro-brasileiras são diversas, sendo que algumas se mantêm mais semelhantes às raízes africanas, como o Candomblé, enquanto que outras, como a Umbanda, se fundiram a outras crenças.
Palavras
Algumas palavras que comumente usamos em nosso dia a dia têm origem nas línguas faladas pelos povos africanos que vieram para o Brasil. Confira algumas e seus significados.
- Dengo: vem do banto e significa aconchego.
- Cafuné: significa coçar ou acariciar a cabeça de alguém.
- Fubá: é a farinha feita com milho ou arroz.
- Muvuca: qualquer aglomeração ruidosa de pessoas celebrando.
- Cachimbo: um instrumento para fumar.
Origem e importância do Dia da Consciência Negra
No Brasil, o dia 20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra, data que faz referência à morte de uma importante liderança para o movimento negro brasileiro, Zumbi dos Palmares.
Zumbi foi o líder do quilombo dos Palmares, um dos mais importantes quilombos do Brasil. O quilombo era formado por pessoas escravizadas fugidas de engenhos, que procuravam um lugar para que pudessem viver livremente.
Ele conseguiu garantir a segurança de todos que viviam no local e por causa dessa organização e zelo, o quilombo de Palmares se tornou uma inspiração para outros quilombos.
Após enfrentar algumas invasões, o quilombo foi destruído em 1694 e, no ano seguinte, após sofrer uma emboscada, Zumbi foi morto por uma expedição portuguesa.
O Dia da Consciência Negra ou o Dia de Zumbi foi criado em 10 de novembro de 2011 e é uma data para reforçarmos a importância e o papel dos povos africanos que aqui chegaram e todas as suas contribuições para formar nosso povo brasileiro.
Cerca de 86% da população brasileira tem pelo menos 10% de ancestralidade africana. São mais de 180 milhões de brasileiros compartilham heranças genéticas vindas da África. Será que no seu DNA está algum povo africano?
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Dentre os principais grupos étnicos africanos que chegaram ao Brasil no período colonial destacam-se os bantos e os oriundos da África Ocidental.
Por volta no final do século XVI iniciou-se o tráfico de pessoas escravizadas que trouxe milhões de pessoas oriundas de diferentes regiões da África para o Brasil. Essas pessoas eram trazidas por Portugal a bordo dos navios negreiros, em condições extremamente precárias, a fim de servir como mão-de-obra.
Os diferentes povos africanos que chegaram ao Brasil influenciaram na nossa gastronomia, trazendo receitas e ingredientes como acarajé, azeite de dendê, vatapá; na música e nos ritmos, como samba, pagode, axé; e nas religiões, como no candomblé.