Do milho ao quentão: conheça a origem de 11 comidas de festa junina

Comidas típicas de festa junina: curau canjica, pipoca, pastel, quentão, milho.
Descubra como surgiram 11 comidas de festa junina encontradas nas diferentes regiões do Brasil, como a pipoca, paçoca, arroz doce e o quentão.

As festas juninas representam uma das celebrações que mais expressam nossa cultura: cheias de tradição, elas envolvem danças, trajes típicos, brincadeiras, músicas e, é claro, a melhor parte para muita gente – as comidas de festa junina!  

Da mesma forma que a história das festas juninas no Brasil reflete os povos que fazem parte da formação do nosso país, assim também são as comidas típicas dessa celebração. Conheça mais sobre a origem de 11 pratos típicos de festa junina presentes em várias partes do país.

Pratos feitos com milho

O milho é quase uma unanimidade nas festas juninas de todo o Brasil: pode ser como pipoca, pamonha, curau ou a própria espiga cozida. Mas esse cereal versátil faz parte da nossa história muito antes do surgimento das festas juninas.

Presença do milho na América
O cultivo de milho faz parte da história de várias civilizações pré-colombianas, como os astecas, maias e incas, há pelo menos 7 mil anos. Sabe-se também que o milho já era cultivado na América do Sul há pelo menos 4 mil anos, ou seja, os indígenas que habitavam o nosso território já cultivavam milho antes da chegada dos portugueses. Diversas tribos, como os guaranis, tinham o milho como um importante ingrediente da dieta e, após a chegada dos descobridores, o cereal e seus derivados se tornaram comuns em todo o país.
A partir do contato com novos povos, os alimentos à base de milho que já eram usados pelos indígenas se misturaram aos costumes alimentares trazidos pelos colonizadores e, com o tempo, se popularizaram e passaram a fazer parte das festas juninas. 

1. Pipoca 

Evidências arqueológicas sugerem que a pipoca já era consumida pelos nativos americanos antes da chegada dos europeus. Os colonizadores descreveram a pipoca como um “salgado à base de milho que os nativos usavam para comer e até como forma de enfeitar o cabelo”. 

A pipoca possivelmente era feita colocando a espiga de milho diretamente no fogo ou, por métodos mais sofisticados, como numa panela de barro forrada com areia.

Em português, a palavra pipoca tem origem no tupi-guarani e significa “milho arrebentado”.

2. Canjica ou mungunzá

Uma das comidas de festa junina mais comum, a canjica ou mungunzá é um prato feito com milho branco cozido com leite de côco, ou com leite e açúcar ou, ainda, com leite condensado. 

Segundo os historiadores, esse prato delicioso remete às nossas origens africanas, já que uma forma mais simples dessa comida provavelmente já era consumida pelos escravizados nas senzalas.

3. Curau ou canjica nordestina

O curau ou canjica nordestina é preparado com base em um creme de milho verde ralado, cozido, adocicado e que depois pode ser coberto com canela. Assim como outras comidas de festa junina, a sua origem pode ser um pouco difícil de estabelecer.

Provavelmente esse prato teve inspiração na culinária africana trazida pelos escravizados, já que kanzika é o nome de um mingau tradicional consumido em muitas regiões africanas; ou na mistura de um pudim de leite tipicamente europeu com o mingau de milho consumido pelos indígenas brasileiros.

Outros pratos típicos feitos com milho são consumidos nas festas juninas brasileiras, como a pamonha e o bolo de fubá. A influência indígena, africana e européia, principalmente dos portugueses, está presente em inúmeras dessas comidas de festa junina.

4. Paçoca de amendoim

O nome paçoca vem da palavra indígena pasoka e significa “esmagar com as mãos” ou “esmigalhar”, o que reflete o modo de preparo desse tipo de prato: os índigenas esmagavam farinha de mandioca com as mãos e faziam algumas misturas com outros alimentos, antes mesmo do período de colonização. 

Já o doce paçoca foi criado no período colonial brasileiro, com a chegada do amendoim trazido pelos portugueses e com a inspiração no modo de preparo de alimentos dos indígenas. O amendoim era torrado e socado até se tornar uma farofa, e depois eram adicionados sal e açúcar à mistura.

5. Pé de moleque

O pé de moleque, originalmente feito a partir da mistura do amendoim torrado com a rapadura, foi criado no começo do século XVI com a chegada da cana e o início da produção de açúcar no país. 

Na península ibérica já existia um doce similar, feito com mel e castanhas, que provavelmente teve origem em um doce árabe. Aqui no Brasil, os portugueses trouxeram esse costume e misturaram o amendoim com a rapadura, criando o pé de moleque.

6. Arroz doce

O arroz doce é um prato com duas possíveis origens: origem asiática ou persa. De uma dessas partes do mundo, esse prato, que pode ser servido frio ou quente, chegou à Europa e foi trazido ao Brasil pelos colonizadores. 

O arroz doce asiático provavelmente era cozido com leite vegetal e o persa cozido com leite de vaca, mel e especiarias. Na Europa, ele era considerado uma iguaria digna de ser consumida pelos mais nobres.

O arroz doce é uma das comidas de festa junina mais versáteis. No Brasil, pode ser feito com leite de vaca, leite de coco, leite condensado e ainda incluir especiarias, como cravo e canela.

7. Bolo de mandioca (macaxeira ou aipim)

De origem tipicamente brasileira, o bolo de mandioca foi criado pela combinação de um ingrediente que era a base da dieta indígena, a mandioca (também chamada macaxeira ou aipim), com costumes da culinária que chegaram da Europa, como o de fazer bolos e tortas

No entanto, como a farinha de trigo (usada pelos europeus) não era um produto muito comum no Brasil, a mandioca passou a ser utilizada em seu lugar para fazer os bolos, dando origem a esse prato delicioso!

Bolo redondo de mandioca coberto com coco ralado

8. Cachorro-quente

A salsicha que forma o recheio do cachorro-quente, uma das comidas de festa junina mais comuns, surgiu provavelmente em Frankfurt, na Alemanha, no final do século XVII, pelas mãos de um açougueiro.

Mas um ponto importante na história desse prato é a chegada da salsicha nos EUA, no final do século XIX, com os imigrantes alemães. Lá, a salsicha alemã começou a ser comercializada em um combo, com molhos e dentro de um pão, e se tornou sucesso absoluto. Com o passar do tempo começou a ser vendida nos tradicionais carrinhos de cachorro-quente em jogos e parques públicos.

O cachorro-quente chegou no Brasil por volta do início dos anos 1920, quando um empresário começou a vender o lanche nos seus cinemas na cidade do Rio de Janeiro.

9. Quentão 

O quentão foi trazido ao Brasil pelos portugueses, que eram acostumados a tomar uma bebida de vinho quente com especiarias e mel no frio europeu para se aquecerem. A bebida, chamada de mulled wine, tem origem no Império Romano.

Aqui no Brasil, eles usavam as especiarias trazidas da Índia, açúcar (que era colocado no lugar do mel), e cachaça, que era uma bebida mais comum do que o vinho. 

Acredita-se que o quentão tenha sido criado no interior de São Paulo ou no interior de Minas Gerais.

No Sul do Brasil, o quentão é feito com vinho, e é muito semelhante à bebida original consumida pelos portugueses na Europa. Em outros lugares do país, a bebida quente feita à base de vinho é chamada de vinho quente.

10. Pinhão

O pinhão é um alimento brasileiríssimo. Ele é a semente da araucária ou pinheiro-do-paraná, árvore muito comum nos estados da região Sul do Brasil. Era um dos alimentos mais consumidos pelos indígenas que habitavam essa região e se tornou comum em festas juninas pelo Brasil afora.

Diz a história que os colonizadores que chegaram ao Sul do Brasil em diferentes épocas aprenderam a comer pinhão com os nativos que habitavam essa região.

Além de saboroso, o pinhão agrada a muitos gostos: seu consumo pode ser assado, cozido e até em farofas.

Tigela redonda pequena com pinhões assados.

11. Arroz Maria-Isabel

Essa comida típica do Piauí, mas que pode ser encontrada em outras regiões do Nordeste e até em alguns lugares do Centro-Oeste, tem como base o arroz com carne de sol e pode ser acompanhado de farinha. 

Sua origem é cercada de mistérios. Alguns acreditam que tenha surgido como uma forma das mulheres conseguirem comer carne, na forma de pedaços misturados ao arroz, já que existia o costume dos homens se servirem primeiro e, muitas vezes, não restava carne na panela para as mulheres e crianças.

Outra possível origem é a de que escravizados de uma grande fazenda de pecuária que vendia couro de boi usavam a carne que sobrava para misturar ao arroz. 

O gado, bem como o hábito do consumo de sua carne e o uso de seu couro, chegou ao Brasil pelos portugueses, no século XVI. 

Panela com arroz Maria-Isabel salpicado com cheiro -verde e pimentas.

As comidas de festa junina são muito diversas: um mesmo prato pode ter nomes e ingredientes diferentes dependendo da região e isso reflete o quão diverso é nosso país!

As festas juninas são uma oportunidade de nos divertimos, de comermos boas comidas e de conhecer mais sobre nossa própria história e sobre todos os povos que fazem parte da nossa identidade como brasileiros.

Será que seu prato favorito na festa junina reflete a sua ancestralidade?

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Qual a origem das comidas de festa junina?

As comidas de festa junina têm origem nos hábitos alimentares dos diversos povos que formaram a população brasileira: indígenas, europeus (principalmente portugueses), africanos, árabes e asiáticos. Os hábitos alimentares de diversos povos se fundiram e deram origem aos pratos típicos consumidos nas festas juninas.

Qual a origem da pipoca?

Evidências sugerem que a pipoca já era consumida pelos nativos americanos antes da chegada dos europeus. A pipoca possivelmente era feita colocando a espiga de milho diretamente no fogo ou, por métodos mais sofisticados, como numa panela de barro forrada com areia.

Qual a origem do cachorro-quente?

A salsicha surgiu provavelmente em Frankfurt, na Alemanha, no final do século XVII.
Nos EUA, no final do século XIX, alguém teve a ideia de colocar a salsicha com molho em um pão e, então, o cachorro-quente se tornou sucesso absoluto.

Qual a origem do quentão?

O quentão foi trazido ao Brasil pelos portugueses, que estavam acostumados a tomar uma bebida de vinho quente com especiarias e mel no frio europeu. Aqui no Brasil, eles usavam as especiarias trazidas da Índia, açúcar (que era colocado no lugar do mel), e cachaça, que era uma bebida mais comum do que o vinho.

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