Fazer a árvore genealógica da família é um exercício que nos conecta aos nossos antepassados e nossas origens. Porém, conforme vamos avançando em direção ao passado, é cada vez mais difícil saber exatamente quais os nomes, datas de nascimento e outras informações sobre cada membro da família. Imagine, então, como seria fazer a árvore genealógica da espécie humana!
Esse foi o desafio de cientistas da Universidade de Oxford, que juntaram dados de mais de 3600 genomas humanos, de 215 populações espalhadas pelo mundo, provenientes de oito bancos de dados genéticos diferentes. O resultado, publicado esse ano na revista científica Science, foi a maior árvore genealógica já feita, com quase 27 milhões de ancestrais.
Uma árvore genealógica da humanidade
Para chegar ao resultado, os pesquisadores utilizaram a técnica conhecida em inglês como tree sequencing, ou sequenciamento em árvore, em tradução livre. O método utiliza algoritmos computacionais para identificar a relação entre diferentes genomas, baseado na sequência de letras do DNA e em alterações presentes em cada um.

“Nós basicamente construímos uma grande árvore genealógica de toda a humanidade, que modela como surgiram diversas variações genéticas encontradas hoje em humanos”, explicou Yan Wong, geneticista da Universidade de Oxford que participou do estudo. “Essa árvore genealógica nos permite ver como a sequência genética de uma pessoa se relaciona com todas as outras, ao longo de diversos pontos do genoma”.
Migrações ancestrais
Além dos milhares de genomas de humanos modernos, o estudo também utilizou dados de mais de 3500 amostras de genomas antigos, alguns com mais de 100 mil anos de idade, provenientes de mais de 100 publicações científicas.
Quando analisados em conjunto, os dados conseguem estimar a região do planeta onde cada ancestral da árvore genealógica viveu. Os resultados mostraram linhagens ancestrais originárias na África e linhagens migrando para fora do continente africano. Assim, o estudo reforça a já aceita teoria de que nossa espécie tem raízes africanas e, de lá, migrou para Ásia, Europa e o resto do mundo.

“Os ancestrais mais antigos que nós identificamos provavelmente viveram na região geográfica que hoje é o Sudão”, disse Anthony Wilder Wohns, autor principal do estudo. “Eles viveram cerca de 1 milhão de anos atrás, o que é muito mais antigo do que a idade estimada da nossa espécie, Homo sapiens – 250 a 300 mil anos. Então trechos do nosso genoma foram herdados de indivíduos que nós não reconhecemos hoje como humanos modernos”.
Povoamento das Américas
O estudo também forneceu novas pistas sobre processos migratórios mais recentes, como o povoamento das Américas. Evidências arqueológicas sugerem que nossa espécie chegou ao continente americano cerca de 20 mil anos atrás, mas as análises genéticas feitas pela equipe de Wohns indicam que a chegada à América do Norte pode ter acontecido milhares de anos antes.
“Nosso método estimou que havia ancestrais humanos nas Américas cerca de 56 mil anos atrás”, disse Wohns. “Nós também estimamos que havia números significativos de ancestrais humanos na Oceania, especificamente em Papua-Nova Guiné, cerca de 140 mil anos atrás”.
Outras análises genéticas já haviam ajudado cientistas a entender melhor a história das migrações humanas, incluindo o povoamento das Américas. Quer saber mais? Leia o post “Migrações desvendadas pela genômica“.
Os cientistas planejam agora aprimorar sua árvore genealógica conforme mais dados genéticos são gerados e acrescentados aos bancos de dados.
“Conforme aumentarmos a quantidade, e a qualidade, de genomas humanos modernos e ancestrais sequenciados, mais precisa será nossa árvore genealógica”, disse Wong. “Eventualmente, nós seremos capazes de gerar uma única árvore, que explica a origem de toda a variação genética humana que vemos hoje”.
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