Dança: origem dos ritmos no Brasil

Um casal dançando forró.
Conheça a importância da dança como expressão cultural e saiba como e onde surgiram os ritmos de dança mais comuns no Brasil.

Assim como a música, a dança também é uma importante forma de expressão e de comunicação humana, através dos movimentos do corpo. A dança pode representar um estilo artístico, ser uma forma de descontrair e de socializar ou de expressar sentimentos.

Os diferentes estilos de dança variam de acordo com a cultura do povo na qual estão inseridos, mas é fato que essa expressão corporal está presente na história humana há muito tempo. Os registros mais antigos que retratam pessoas dançando são pinturas rupestres em cavernas na Índia, de cerca de 8 mil anos antes de Cristo.

Qual a importância da dança?

Esses registros antigos em cavernas na Índia e outros locais, como em tumbas no Egito, mostram que a dança tinha principalmente natureza religiosa: seja no momento da adoração de deuses, da natureza ou até durante a realização de funerais.

Porém, assim como hoje, a dança também estava presente em festividades e em vários outros tipos de celebrações. Na Grécia antiga, por exemplo, as pessoas dançavam durante as celebrações ao Deus do vinho, Dionísio, como uma forma de diversão e até para demonstrar interesses românticos.

A dança e o povo brasileiro

O Brasil é um caldeirão cultural que se formou da mistura de costumes e crenças de vários povos: dos indígenas, dos imigrantes de várias partes do mundo e dos povos africanos, que aqui chegaram ao longo de nossa história. Confira como se deu essa mistura que originou alguns ritmos de dança brasileiros.

A influência dos indígenas na dança brasileira

Antes dos portugueses, os indígenas já habitavam as terras brasileiras e, assim, podemos dizer que as primeiras manifestações culturais de dança no Brasil são deles.

Dança da chuva
Para os indígenas a dança tem vários propósitos: afastar maus espíritos, agradecer pela colheita, espantar a doença dos enfermos e pedir ou agradecer pela chuva. Segundo os antropólogos, a dança da chuva não é exclusiva dos indígenas americanos, mas é presente em vários outros povos. Apesar de não existir comprovação científica de que o ritual interfira na atmosfera, a dança da chuva representa um aspecto cultural importante da cultura dos indígenas.

Existem elementos das danças indígenas em vários estilos de dança brasileiros, como na catira e no carimbó.

A catira

A catira é uma dança na qual se formam duas fileiras paralelas de homens e mulheres que batem os pés no chão e, em sincronia, batem palmas e pulam, tudo em harmonia com a música tocada por violeiros. 

É uma dança típica do interior do Brasil, principalmente dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná. De origem indígena, usada em rituais religiosos, a catira agregou elementos de outras culturas, como a viola trazida pelos portugueses.

O carimbó

É uma dança popular no norte do país, principalmente no estado do Pará, cujo nome vem do tupi e significa som que vem de um pau oco. No carimbó, homens e mulheres dançam ao som de tambores, com roupas coloridas e com adereços, como colares, lenços e pulseiras.

Segundo os historiadores, o carimbó original era um ritmo considerado lento que, a partir do contato com outras culturas, teve novos elementos incorporados. Os descendentes de pessoas escravizadas, por exemplo, agregaram passos ao carimbó e deixaram a dança mais rápida e envolvente.

As danças brasileiras com raízes africanas

Junto dos milhões de homens e mulheres que vieram do continente africano, chegaram também ritmos dançantes que representavam uma importante forma de resistência cultural para essas pessoas e que contribuíram com a dança no nosso país.

O samba

O Brasil é conhecido como o país do samba, mas as raízes desse ritmo contagiante vieram da África. Na Bahia, por volta do século 19, as pessoas escravizadas trazidas do continente africano expressavam sua cultura nas senzalas dançando os passos de um ritmo chamado semba, típico da Angola, e que em português significa “batuque” ou “umbigada”. 

No semba, um dançarino exibe seu gingado, molejo e requebrado ao centro de uma roda, ao som das pessoas batucando. Depois, ele convida uma outra pessoa da roda para o substituir, dando-lhe uma umbigada. Pronto! É daí que provavelmente veio o nome da dança que se tornou tão importante no Brasil.

Por muito tempo, essa dança foi vista como indecente e foi marginalizada, principalmente por causa dos movimentos do quadril. Passados os anos, tanto a dança quanto o estilo musical samba foram ganhando elementos de outras expressões culturais e se tornando cada vez mais populares.

No Carnaval, festa brasileira conhecida no mundo todo, o samba também ganhou espaço e contagiou das pessoas mais simples às pessoas mais ricas, tomando as ruas e se tornando uma das maiores celebrações do mundo!

Saiba mais sobre a origem do ritmo do samba no post Dia da Música: origem dos instrumentos e estilos musicais.

Samba para todos os gostos!
O samba ganhou nuances de vários outros estilos. O samba-de-gafieira, por exemplo, é uma dança a dois, que faz parte do grupo das danças de salão e foi influenciado por danças de salão europeias. 

O axé

Popular não apenas no Carnaval, o axé ganhou o coração dos brasileiros durante todo o ano. Resultado de uma mistura de vários ritmos, principalmente africanos, mas também latinos e com elementos do reggae, o axé é uma dança que permite que a pessoa mostre todo seu remelexo, seja coreografado ou improvisado.

O axé é muito popular no Carnaval da Bahia, onde os foliões dançam e festejam atrás dos trios elétricos que levam cantores e artistas famosos. 

A lambada

A lambada é um ritmo de dança contagiante, originário da região norte do Brasil, que é resultado da fusão de elementos de diversas danças: passos adaptados de danças africanas, tambores e chocalhos indígenas, e os movimentos rápidos do merengue, comum nos países da América Central.

A lambada ficou conhecida com a famosa canção Chorando se foi, que bateu recordes não apenas no Brasil, mas também na Europa e nos EUA, e até hoje é tocada em festas e bailes.

Influências europeias na dança brasileira

Alguns ritmos conhecidos no Brasil também receberam uma pitada de influência dos estilos europeus, como você pode conhecer a seguir.

O frevo

Típico de todo o nordeste, mas principalmente do carnaval de Pernambuco, o frevo é uma dança de grupo conhecida por suas roupas coloridas, alegres e pelo marcante guarda-chuva que os dançarinos erguem com um dos braços, enquanto fazem com os pés passos rápidos e coreografados. 

O frevo surgiu no final do século 19 e recebeu influência da polca, uma dança típica da Europa, e de ritmos africanos também, como a capoeira. Já o nome da dança vem do verbo ferver, justamente pelos passos rápidos e coreografia desafiante e acrobática. 

O frevo é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade desde o ano de 2012.

O forró

O forró é uma dança tipicamente nordestina, para ser dançada a dois e que recebeu influência de ritmos europeus, como do schottische alemão, comumente dançado nos salões nobres da Europa.

O schottische alemão chegou ao Brasil no meio do século 19 e deu origem ao nome de uma das vertentes do forró, o xote, por causa da dicção “xótis” que a palavra em alemão tem quando pronunciada de maneira aportuguesada pelos brasileiros. 

O forró no estilo xote também ganhou passos de danças de origem africana, com mais giros e movimentos, principalmente depois que passou a ser praticado por pessoas de outras classes sociais, que não apenas a elite.

O forró também é conhecido como arrasta-pé, já que no início era dançado em espaços simples, de terra batida, em que não se podia fazer passos com o pé levantado para não sacudir a poeira do chão.

O xote é um estilo de dança que se espalhou para vários lugares do Brasil, de norte a sul. No sul, ficou conhecido como xote gaúcho, e tem variações no estilo também. No xote de sete voltas, por exemplo, o casal dança sete voltas no salão, bailando primeiro em uma direção e depois na direção contrária.
Outro ritmo comum dos estados do sul do Brasil é o vanerão, uma dança típica de baile, cujas vertentes têm como principal origem os ritmos da Europa, principalmente da Alemanha. 

Brasil: mistura de povos, mistura de danças

Outros ritmos também estão presentes no Brasil e refletem o contato com diferentes culturas. As danças urbanas, como street dance e hip hop, e o funk, por exemplo, têm grande influência de ritmos norte-americanos. Já a dança do ventre chegou ao Brasil com os imigrantes árabes e ganhou espaço no país a partir do final do século 19.

Os diferentes estilos de dança ajudam a entender nossa história e refletem a miscigenação que deu origem ao povo brasileiro e está registrada em nosso DNA.

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Quais são as danças típicas do Brasil?

No Brasil existem diversos ritmos dançantes, mas alguns são mais populares, como o samba, o forró, o frevo, o xote (com estilos diferentes) e o axé.

Quais danças foram influenciadas por ritmos africanos no Brasil?

Várias danças tiveram influência africana no Brasil, como a catira, que é uma mistura de ritmos indígenas e africanos, o frevo e o samba.

Como se originou a dança da festa junina no Brasil?

A quadrilha teve sua origem na França no início do século 19. Originalmente, era chamada de quadrille por ser uma dança de salão para quatro casais, que dançavam em formação retangular.

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