As escolas de samba preparam os últimos detalhes para o desfile, os bloquinhos de rua planejam seu trajeto pela cidade e as pessoas tiram suas fantasias do armário. O carnaval chegou!
Hoje o carnaval é considerado a festa popular mais importante do país. Além de tradição e parte da cultura nacional, o carnaval brasileiro é conhecido mundialmente e todos os anos traz milhões de turistas de diversos países para o nosso.
Embora seja a mais brasileira das festividades, o carnaval não surgiu no Brasil; na verdade, ele já era comemorado na Europa na época da colonização portuguesa. Qual é, então, a origem do carnaval?
Carnaval e cristianismo
Após a consolidação da Igreja Católica na Europa, no século XVI, as elites políticas e religiosas começaram a tentar controlar as festas populares no continente. Essa tentativa de impor controle social está relacionada ao conservadorismo vigente na época, que demonizava os exageros e práticas tidas como pecaminosas associadas a essas celebrações.
A solução da Igreja Católica foi estabelecer a quaresma: um período de 40 dias antes da Semana Santa marcado por orações, jejum e abstinência de carne. A população, portanto, começou a aproveitar as semanas anteriores à quaresma para festejar.
As celebrações foram chamadas de carnis levale, ou carne vale, expressão que significa “retirar a carne“, pois elas representavam o momento de preparação para o período de abstinência de carne e de prazeres carnais.
Quando é o Carnaval? Atualmente, a data do carnaval no Brasil varia a cada ano, pois depende da Páscoa. Honrando as tradições da quaresma, a terça-feira de Carnaval é fixada 47 dias antes do domingo da Páscoa. |
Durante a Idade Média, o carnaval podia se estender por meses. As festividades incluíam brincadeiras, zombarias públicas, peças teatrais, bebida alcoólica e fartura de alimentos, incluindo carne, na época inacessível à maioria das pessoas durante o restante do ano.
Carnaval no Brasil
Após a colonização, não demorou muito para que os portugueses trouxessem a prática do carnaval para o Brasil. A festa se estabeleceu no país entre os séculos XVI e XVII, principalmente no Rio de Janeiro, e teve como uma de suas primeiras manifestações a brincadeira portuguesa conhecida como entrudo.

O entrudo consistia em molhar e sujar pedestres que passavam pelas ruas. Para isso, pessoas atiravam diversos líquidos malcheirosos umas nas outras, como água suja, lama e até urina.
Há registros no folhetim Correio Mercantil, de 1849, de que o entrudo começava às 4 horas da manhã, com um tiro dado na região do porto do Rio de Janeiro para acordar a população. A brincadeira também era vista como uma oportunidade de renda extra para muitas famílias, que se dedicavam a produzir recipientes com líquidos malcheirosos para venda.
A elite tentou estragar a festa…
A elite econômica do país, porém, não queria ter contato com as brincadeiras populares do entrudo. Por isso, foram lançadas campanhas para o seu fim a partir do fim da década de 1840, e logo a prática foi proibida.

Assim, o entrudo foi substituído nas elites do país por práticas carnavalescas adotadas pela aristocracia europeia no século XVIII, como os bailes de máscaras. Ao longo do século XIX, os bailes mascarados se popularizaram no Brasil e foram levados para as ruas, o que ajudou a consolidar a tradição de se mascarar e fantasiar durante o carnaval.
…mas não conseguiu!
Depois da proibição do entrudo, novas formas de festejar o carnaval surgiram no Brasil. Entre elas, destacaram-se a brincadeira de origem portuguesa “Zé Pereira“, na qual um ou mais foliões tocam bombos e desfilam em parada; os cordões, que eram formados por grupos de pessoas mascaradas conduzidas pelo apito de um mestre; e os ranchos, que tinham a presença de um “rei” e uma “rainha”, que marchavam ao som de instrumentos de sopro e corda.
Ranchos Os ranchos tiveram grande influência africana, possivelmente trazida para o Brasil por povos de origem Banto e sudanesa. O primeiro rancho, chamado “Reis de Ouro”, foi criado em 1893 pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira. Ele também introduziu no carnaval brasileiro personagens como o casal de mestre-sala e porta-bandeira, e o uso de instrumentos de cordas e de sopro. |
Ao final do século XIX, surgiram também as marchinhas de carnaval. Esse gênero musical ganhou grande popularidade com a compositora Chiquinha Gonzaga, que compôs a primeira marcha em 1899, intitulada “Ó Abre Alas“, para o cordão carnavalesco carioca Rosa de Ouro.
Na Bahia, na virada do século XIX para o XX, surgiu o afoxé, ritmo musical que tinha como objetivo relembrar tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés, “Embaixada da África” e “Pândegos da África”, desfilaram pelas ruas da Bahia em forma de rancho e cordão.
Por volta da mesma época, o frevo começou a ser praticado em Pernambuco. A dança teve grande influência da capoeira e, em 2012, foi declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Carnaval, samba e Escolas de Samba
O samba, um dos ritmos mais marcantes do carnaval brasileiro, teve origem no Rio de Janeiro no início do século XX entre comunidades afro-brasileiras. A palavra já existia no século XIX para designar danças populares, mas ganhou outra dimensão nas décadas seguintes. O gênero musical como conhecemos hoje se firmou na década de 1910, marcado pela canção “Pelo Telefone“, uma criação coletiva de autoria controversa, em 1917.
O desenvolvimento dos cordões e ranchos deram origem, na década de 1920, às escolas de samba. A primeira foi a “Deixa Falar”, fundada em 1928 e que, mais tarde, daria origem à “Estácio de Sá”. A “Vai como Pode”, atual “Portela”, também foi uma escola de samba pioneira no Brasil.
Em 1932, o periódico Mundo Sportivo organizou o primeiro desfile competitivo das escolas de samba. O evento se tornou uma tradição na cidade do Rio de Janeiro e, posteriormente, em outras cidades do país, como São Paulo, e acabou sendo oficializado com apoio governamental.
Em 2004, o carnaval de rua do Rio de Janeiro foi homologado oficialmente pelo Livro dos Recordes (Guinness Book) como o maior carnaval do mundo, com cerca de 2 milhões de participantes por dia, sendo 400 mil visitantes estrangeiros.
E as suas origens?
O carnaval, portanto, tem suas origens na Europa, foi trazido para o Brasil e teve forte influência africana. A festa é tão miscigenada quanto nosso próprio país, um dos mais ricos e diversos culturalmente do mundo.
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