Dentre as populações que compõem o DNA do brasileiro, a africana é uma das que mais se sobressai. O Dia da Consciência Negra é uma data que referencia a cultura ancestral africana e simboliza a luta e resistência do povo negro frente seu valor e lugar na sociedade.
África: de berço da humanidade a continente escravizado
Muitas evidências científicas comprovam que a evolução humana se iniciou na África há cerca de 5,5 milhões de anos. O continente africano foi o berço da humanidade, tanto do homem moderno (o Homo sapiens) quanto seus ancestrais extintos, hoje apenas presentes em forma de fósseis.
Os primeiros representantes do homem moderno se destacaram das espécies ancestrais pela aquisição e aperfeiçoamento de diversas habilidades, como a destreza no manuseio de ferramentas e utensílios, linguagem, capacidade de interação social e de resolver problemas.
Com o tempo, a espécie humana se tornou predominante, se espalhou pelo continente africano e posteriormente iniciou diversas ondas migratórias povoando a Eurásia e as Américas.
Muitos séculos se passaram, cada grupo continental humano sofreu grande influência do novo ambiente, adquirindo características e traços físicos distintos hereditários, como a resistência ou predisposição à doenças e diferentes tonalidades de pele.
Além disso, houve um refinamento das habilidades previamente adquiridas pelos ancestrais da espécie, formando interações sociais mais complexas, e muitas delas culminaram na formação de líderes do seu grupo na figura de reis, imperadores e faraós.
No continente africano, as histórias de alguns líderes que impactaram gerações e outras civilizações foram registradas, como a rainha Cleópatra no Egito e o imperador do Reino Mali, Mansa Musa, o homem mais rico do mundo. Contudo, muitas outras foram apagadas pelo imperialismo europeu no continente.
Diáspora africana
A sede por riqueza, na época do colonialismo, culminou no domínio político, econômico e social de diversos povos africanos. Com a justificativa de fornecer mão de obra às suas colônias na América, os portugueses foram um dos principais povos responsáveis pela Diáspora Africana: fenômeno de imigração forçada, para fins escravagistas mercantis que penduraram da Idade Moderna ao final do século XIX.
Cerca de 4 milhões de pessoas de diferentes regiões da África foram trazidas à força para o Brasil por causa da escravidão, principalmente do centro-oeste e da costa leste da África (hoje representadas por Angola e Moçambique, respectivamente).
Escravidão no Brasil
Logo que chegaram ao Brasil, os africanos que sobreviviam à travessia pelo mar eram misturados entre tribos de grupos linguísticos e culturais diferentes para evitar sua comunicação e rebelião.
Como começou O período de escravidão teve início no Brasil por volta de 1530 durante a implementação das bases para a colonização na América pelos portugueses. Os indígenas foram os primeiros povos a serem escravizados no país, e, posteriormente, foram substituídos por povos africanos trazidos por meio do tráfico negreiro. |
Escravos africanos se tornaram a mão de obra predominante nas plantações de cana-de-açúcar, café, tabaco e de algodão, nas minas e nas fazendas de gado durante todo o período colonial e mais de 60 anos do período imperial. As pessoas eram obrigadas a desenvolver atividades exaustivas e perigosas recebendo pouca quantidade de comida e castigos insuportáveis.
A escravidão e as condições desumanas não foram aceitas de forma passiva, fazendo com que muitos escravos ressitissem, organizando fugas e revoltas e formando quilombos: comunidades construídas por escravos negros africanos e afrodescendentes fugidos das fazendas em busca de liberdade.
Consciência Negra
A abolição da escravidão, promovida pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888 encerrou um regime de mais de 300 anos de escravidão no Brasil. A abolição não levou em consideração o direito e necessidade das mais de 700 mil pessoas escravizadas, que embora libertas não tinham direito a terra, trabalho e representação política.
Esse triste cenário se perpetuou ao longo dos anos, fazendo com que os povos negros e africanos ainda permanecessem invisíveis aos olhos de pessoas brancas.
Em 1971, jovens negros iniciaram um movimento para pesquisar a luta dos seus antepassados e questionar a legitimidade do 13 de maio, data anteriormente usada como referência de celebração do povo negro. O dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, foi sugerido para destacar o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade e gerar reflexão para as questões raciais.
O movimento ganhou força ao longo dos anos, até que em 2011, o Senado brasileiro aprovou a Lei Federal que converte o 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. A data não só referencia a cultura ancestral africana, mas também relembra e exalta a resistência do povo negro buscando por seu valor e lugar na sociedade.
Quem foi Zumbi dos Palmares? Zumbi dos Palmares foi um dos principais representantes do Quilombo dos Palmares, entre 1678 e 1694. Zumbi ficou conhecido por liderar a resistência do quilombo contra os ataques portugueses e acabou sendo emboscado e morto pelos portugueses em 20 de novembro de 1695. |
Importância cultural africana
O continente africano possui muitos laços genéticos e culturais com o Brasil. Embora a cultura africana tenha sido diminuída e marginalizada ao longo da história do país, registros da sua grandeza e diversidade foram perseverantes em marcar nossa língua, lendas, hábitos e comidas.

Vários idiomas e dialetos falados pelos africanos trazidos ao Brasil impactaram também a língua portuguesa, como os dialetos quimbundo, quicongo e umbundo, falados no oeste da África, que contribuíram com uma infinidade de palavras que foram incorporadas ao português.
A gastronomia brasileira é repleta de influências africanas com diversas comidas, como o acarajé e a moqueca. Já na música, a cultura africana foi peça chave na construção de ritmos, como samba e forró, e também nas nossas tradições populares como pular sete ondas e vestir branco durante a passagem de ano.
O que a genética diz sobre as suas origens?
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A Consciência Negra é celebrada no dia 20 de novembro e referencia a cultura ancestral africana, relembra e exalta a resistência do povo negro buscando por seu valor e lugar na sociedade.
Zumbi dos Palmares foi um dos principais representantes do Quilombo dos Palmares, entre 1678 e 1694. Zumbi ficou conhecido por liderar a resistência do quilombo contra os ataques portugueses e acabou sendo emboscado e morto pelos portugueses em 20 de novembro de 1695.
Referências
Dia da Consciência Negra, 50 anos: liberdade conquistada, não concedida. Agência Senado
Consciência negra. Brasil escola
Resistência dos escravos. Brasil escola
2 comments
Oi! Amei seu artigo. Muito esclarecedor. Obrigada. Cármen Severo
Parabéns pelo texto. Vou repassar. Obrigada.