A cor de pele é um traço físico humano influenciado por variações presentes em diferentes genes, ou seja, é uma característica poligênica. Esse traço varia amplamente entre as pessoas: existem inúmeras variações de tons e subtons de pele, o que mostra o quanto somos diversos!
Entenda como a genética influencia na diversidade de cor de pele que encontramos entre os seres humanos e como a evolução ajudou a moldar essa característica ao longo de milhares de anos.
A melanina e a cor da pele
Uma das mais importantes moléculas que está relacionada à cor da nossa pele é a melanina, que também tem grande importância quando pensamos na nossa história evolutiva como espécie, como você verá ao longo do texto.
O que é a melanina?
A melanina é o principal pigmento que dá cor à nossa pele. Ela é produzida dentro de células chamadas melanócitos. Nos melanócitos, a melanina é formada a partir de diversas reações químicas em estruturas especiais, os melanossomos.
Existem diferentes tipos de melanina, como a feomelanina e a eumelanina. A feomelanina é um pigmento amarelo-avermelhado. Já a eumelanina é um pigmento que varia do marrom ao preto.
A proporção, quantidade e distribuição dos diferentes tipos de melanina e melanossomos na pele de cada pessoa é o que dá origem aos diferentes tons e subtons de pele.
Peles mais escuras têm melanossomos maiores e com mais eumelanina, já pessoas com pele mais clara têm melanossomos menores e com menor quantidade de eumelanina, em combinação com a feomelanina.
Qual a importância da melanina?
A melanina é um pigmento que consegue absorver a luz solar e é uma importante proteção natural contra os efeitos danosos dos raios ultravioleta (UV) do sol, principalmente em regiões de maior insolação, como nas tropicais.
A luz UV é capaz de penetrar nas células e causar mutações no DNA. Além disso, a luz UV consegue degradar o folato, um importante nutriente relacionado à manutenção de uma gravidez saudável, ao desenvolvimento do bebê (principalmente do sistema nervoso) e da criança nos primeiros anos da infância.
A melanina também é um pigmento importante para determinar a cor dos nossos olhos e cabelo.
| O que são sardas? Sardas são pequenos pontos pigmentados espalhados pelo corpo e são o resultado da superprodução de melanossomos pelos melanócitos. Apesar delas serem determinadas geneticamente, são induzidas e intensificadas pela exposição solar, principalmente em pessoas em que a pele não bronzeia. As primeiras sardas aparecem na infância após a exposição solar, aumentam em número nos adultos e podem regredir na velhice. |
O papel da genética na cor da pele
Variantes presentes em, ou próximas a, genes que influenciam na produção e distribuição dos melanossomos e dos diferentes tipos de melanina resultam na variedade de tons de pele que vemos.
Através de estudos de associação em diferentes populações e estudos com animais modelo, como camundongos, os cientistas descobriram vários genes relacionados com a cor de pele e o possível papel deles, o que nos dá algumas pistas de como interferem na pigmentação da pele.
Um dos genes identificados pelos estudos, o MFSD12, é expresso nos melanócitos. Estudando o papel desse gene em outros animais, cientistas acreditam que variantes podem mudar a expressão desse gene e diminuir a quantidade de feomelanina produzida.
Mudando o balanço entre as quantidades de feomelanina e eumelanina originam-se variações nos tons de pele. Outro gene importante que age também nesse balanço é o MC1R.
Já variações nos gene TYR, que produz uma enzima que degrada a tirosina, bem como em outros genes que atuam nessa mesma via, podem também influenciar na cor de pele, já que a tirosina é uma substância importante para a produção da melanina dentro dos melanossomos.
Recentemente, com base em um estudo que usou a técnica de CRISPR, cientistas conseguiram identificar novos genes relacionados à produção de melanina nas células humanas, como o COMMD3, que regula a produção de melanina controlando o pH dentro dos melanócitos.
Assim como acontece com a cor de cabelo e com tantos outros traços poligênicos, as variantes que influenciam na cor de pele variam entre populações de diferentes ancestralidades.
Além da genética, o que mais influencia na cor de pele?
Além de ser um traço poligênico, a pigmentação da pele também é uma característica complexa, ou seja, influenciada por fatores ambientais, como exposição ao sol, dieta, idade e doenças.
A cor da pele e a história da evolução humana
Com base em inúmeros estudos sobre a história evolutiva humana, podemos entender melhor como se deu a evolução da cor da pele em nossa espécie.
Luz ultravioleta, melanina e cor da pele
Os primeiros seres humanos surgiram em uma área de alta exposição à luz UV do sol, nas savanas do continente africano. Como vimos, a luz UV pode ser danosa para nós; assim variações genéticas que favoreciam uma alta pigmentação da pele traziam vantagens nesse ambiente, pois protegiam da luz UV, e, portanto, foram selecionadas (seleção natural).
Dessa forma, a pele mais pigmentada, ou seja, mais escura é uma adaptação a um ambiente com bastante luz solar.
Luz ultravioleta, vitamina D e a cor da pele
A luz UV do sol pode ser danosa, mas também é importante para a produção de vitamina D. E isso foi uma questão importante que selecionou outras cores da pele quando começaram as migrações humanas da África para locais que recebiam menos luz solar.
A vitamina D é essencial para a absorção de cálcio, potássio e para a saúde dos ossos e fortalecimento do sistema imune. Ela pode ser conseguida pela dieta, através de alguns alimentos como certos tipos de peixes e leite, no entanto, na pele a luz solar desencadeia a produção de vitamina D.
Em regiões tropicais há quantidade suficiente de luz solar para penetrar e desencadear a produção de vitamina D, mesmo nas peles mais pretas. Mas nas regiões mais temperadas (altas latitudes) – para onde os humanos migraram ao saírem da África- a pele mais escura (com mais melanina) se tornou desvantajosa, já que nesses locais há menos incidência de luz UV.
Assim, variantes que conferem uma pele menos pigmentada (com menos melanina) se tornaram vantajosas nessas populações, já que permitiam a produção de vitamina D mesmo com menor luminosidade.
A cor da pele nas populações humanas evoluiu como resposta aos diferentes níveis de luz solar, à proteção conferida pela melanina e à necessidade de vitamina D. Por isso, é mais uma das características que foram selecionadas pela natureza, moldadas pela evolução. Assim como em todos os outros seres vivos, ela é produto da seleção natural!
Por que ficamos bronzeados?
O bronzeamento é resultado do aumento da produção de melanina em resposta à exposição à luz solar. A pele se bronzeia como uma forma de evitar os danos causados pela luz UV.
Os sinais do bronzeamento aparecem 48 a 72 horas após a primeira exposição solar, tempo para que a melanina seja produzida e liberada pelas células.
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A cor de pele é um traço físico humano influenciado por variações presentes em diferentes genes, ou seja, é uma característica poligênica. Variantes presentes em, ou próximas, a genes que influenciam na produção e distribuição dos melanossomos e dos diferentes tipos de melanina resultam na variedade de tons de pele que vemos.
A melanina é o principal pigmento que dá cor à nossa pele. A melanina é um pigmento que consegue absorver a luz solar e é uma importante proteção natural contra os efeitos danosos dos raios ultravioleta (UV) do sol, principalmente em regiões de maior insolação, como nas tropicais.
Além de fatores genéticos, que determinam a proporção, quantidade e distribuição dos diferentes tipos de melanina na pele de cada pessoa, os fatores ambientais, como exposição ao sol, dieta, idade e doenças também influenciam na cor de pele.
