Pessoas diferentes possuem habilidades diferentes. Até que ponto a genética influencia as habilidades do superatleta?
Apenas 0,1% do DNA é diferente entre as pessoas. É nessa pequena parcela do material genético que estão também as diferenças no risco de desenvolver doenças, na resposta a medicamentos e também nas características físicas.
As variações genéticas que proporcionam mais força, mais velocidade e mais resistência aos atletas são foco de inúmeros estudos científicos. Mas será que só a genética importa para formar um superatleta?
Genes x Ambiente
É provável que muitos atletas tenham iniciado o caminho do esporte com um empurrãozinho da genética: a jovem alta que foi incentivada a jogar basquete ou aquele rapaz que não sentia fadiga correndo, era veloz e continuou no atletismo depois de algumas vitórias em competições.
A genética é determinante para as características básicas de um atleta de alto rendimento. O DNA é essencial para possibilitar que alguém atinja a altura ideal para uma modalidade, por exemplo.
Mas as características não são resultado apenas da genética: os traços físicos se desenvolvem a partir de uma combinação complexa de diversos genes e outros fatores, como ambiente, estilo de vida e hábitos.
Em média, as características físicas que fazem um superatleta são influenciadas em 66% pela genética e o restante pelos fatores ambientais. A altura, por exemplo, é um dos traços físicos com maior impacto da genética, chegando a 80%.
No caso da altura, por exemplo, há influência também da alimentação. Porém, uma pessoa não irá crescer somente com uma alimentação adequada se não tiver os fatores genéticos que possibilitem o crescimento. Assim, a alimentação, treinos e os outros fatores permitem apenas que o DNA possa expressar o seu potencial nos superatletas.

O que é preciso para ser superatleta
Mas a ciência vai muito além da altura, e pesquisadores procuram quais são os genes que impactam a performance física, resistência e força muscular, risco de lesão, composição corporal e até mesmo a eficiência cardiorrespiratória dos superatletas.
Um dos genes mais bem estudados é o ACTN3, que codifica uma proteína do músculo esquelético. Variações desse gene foram associadas com aumento de resistência, força e velocidade. Já alguns genes da família do colágeno parecem diminuir o risco de lesões ligamentares. Há indícios também de genes que promovem uma recuperação mais rápida após lesão muscular.
Apesar de diversos estudos avaliarem quais genes estão envolvidos na performance dos superatletas, ainda há um longo caminho de pesquisas para esclarecer como e o quanto impactam o funcionamento do corpo.
Além disso, é evidente que sem acompanhamento de profissionais especializados (treinadores, médicos, nutricionistas, entre outros), não há um superatleta. Alimentação e treinos, além de muita dedicação, também são essenciais para uma boa performance.
Algumas vezes os planejamentos são feitos a partir de testes genéticos, que indicam qual é a dieta ou exercício físico mais adequado com base no DNA da pessoa. Apesar da ciência ainda não conhecer exatamente a contribuição desse tipo de abordagem para a melhora da performance, o impacto não é tão grande. Há quem argumente que para atletas de elite as abordagens são válidas, pois mesmo aumentos de 1% na performance podem ser relevantes para o resultado de uma competição.
Para pessoas que praticam atividade física por lazer, o efeito dessa abordagem provavelmente é ainda menor. Ou seja, não há motivo para escolher um tipo de treino adequado para você com base nos seus genes: escolha aquele que te dá prazer.