Em 1985, Michael S. Brown e Joseph L. Goldstein ganharam o prêmio Nobel de Medicina pelas suas descobertas sobre a regulação do colesterol.
Seus estudos revolucionaram a forma como se entendia o funcionamento do colesterol e também trouxeram luz para o entendimento e o tratamento de doenças relacionadas a níveis elevados de colesterol no sangue.
O colesterol é uma molécula muito importante para o funcionamento do nosso organismo. Ele está presente na estrutura das células e é importante para a produção de hormônios e algumas vitaminas. Porém, em excesso, o colesterol pode se tornar um problema.
Brown e Goldstein contribuíram para entender uma doença que eleva para níveis anormais o colesterol no sangue.
Mas antes de chegarmos em seus estudos, vamos entender no post um pouco da história desses dois cientistas.
Michael Stuart Brown nasceu em 1941 na cidade de Nova York, nos EUA. Com apenas 11 anos, junto com a sua família, se mudou para a Filadélfia. Ele se formou em química em 1962 e, posteriormente, em medicina em 1966, pela Universidade da Pensilvânia. Já Joseph Leonard Goldstein nasceu em 1940 na cidade de Sumter na Carolina do Sul. Primeiramente se formou em química, pela Universidade Washington e Lee, e, depois, se graduou pela Universidade do Texas, em 1966, no curso de medicina.
Brown conheceu Goldstein durante o período de residência no Massachusetts General Hospital, em Boston, e os dois se tornaram bons amigos.
Após um tempo trabalhando juntos durante a residência, Brown e Goldstein foram para o National Institutes of Health (NIH), um importante instituto de pesquisa nos EUA. Lá, ficaram até o início da década de 70, quando começaram a fazer pesquisas colaborativas sobre casos de pacientes com hipercolesterolemia familiar (HF) na Universidade do Texas. Foi nesse período que Brown e Goldstein começaram a trilhar juntos o caminho que os levaria ao prêmio Nobel.
O estudo dos receptores de colesterol LDL
A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença genética que aumenta os níveis de colesterol LDL (LDL- c) no sangue: uma pessoa com a doença pode ter até 5X mais colesterol no sangue. O colesterol LDL (do inglês, low density lipoprotein, ou seja, lipoproteína de baixa densidade) é popularmente chamado de colesterol “ruim”.
A hereditariedade da HF clássica foi investigada por várias pesquisas, desde a década de 1930, mas foi o estudo de Avedis K. Khachadurian com famílias libanesas, em 1964, que mais contribuiu para o entendimento de que a doença tinha padrão de herança autossômica dominante. Vale reforçar, no entanto, que com o passar dos anos e os avanços das técnicas de sequenciamento de DNA, foi possível saber que a HF pode ser influenciada por muitos genes e se manifesta de forma diferente entre as pessoas. |
Em suas pesquisas, que começaram em 1972, Brown e Goldstein queriam entender a genética por trás da hipercolesterolemia familiar. Eles estudaram as células de pessoas com e sem a doença e notaram a total falta de receptores celulares que captam as moléculas de LDL- c do sangue em pessoas com variantes genéticas nas duas cópias do gene para HF. Esses receptores são responsáveis por levar as moléculas de LDL-c para o interior da célula, onde serão usadas para fabricar outras substâncias.
Já em pessoas com a forma mais amena da doença os receptores de LDL – c estavam presentes. As células tinham cerca da metade da quantidade de receptores dos indivíduos saudáveis.

Com essas observações, Brown e Goldstein concluíram que as moléculas de LDL- c circulam pelo sangue e são removidas por receptores específicos presentes nas membranas das células, os LDLR (do inglês, LDL receptor, ou seja, receptores de LDL). Quando o colesterol LDL não é removido do sangue e fica circulando em excesso, ele pode levar a sérios problemas cardiovasculares.
Além disso, Brown e Goldstein descobriram que em pessoas normais as células param de produzir o colesterol quando captam essa substância do sangue. Com essa observação Brown e Goldstein mostraram, pela primeira vez, como a célula consegue balancear a produção de colesterol.
Juntas, essas descobertas ajudaram a entender a genética da HF, além de ser um marco no estudo da produção do colesterol, e possibilitaram criar novos tratamentos, melhorando consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes.
Colesterol e fatores genéticos
Alguns anos depois, o gene dos receptores de LDL foi estudado, o LDLR, e várias mutações associadas a esse gene foram identificadas, que podem levar a problemas na produção dos receptores de colesterol ou no uso dessa molécula pela célula.
Alguns dos genes associados à hipercolesterolemia familiar são o APOB, PCSK9 e LDLRAP1. Existe também um tipo raro de HF, de herança autossômica recessiva, que é causada por mutações presentes no gene LDLRAP1. Nesse caso, o colesterol é captado do sangue, mas não consegue entrar corretamente na célula.
Prevenção e controle do colesterol
O alto nível de colesterol no sangue é um problema de saúde pública, pois pode provocar doenças cardiovasculares, as principais causas de morte no Brasil. Pensando nisso, com o objetivo de conscientizar a população a respeito das doenças causadas pelo excesso de colesterol no sangue, foi criado no Brasil o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, comemorado em 08 de agosto.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o colesterol alto pode ser reduzido com incentivo aos hábitos saudáveis de alimentação e à prática de exercícios físicos, já que é uma das consequências da obesidade e do sedentarismo.
Veja alimentos que, junto a outros hábitos saudáveis, podem ajudar no controle do colesterol.
- Leites e iogurtes desnatados
- Queijos brancos (ricota, por exemplo)
- Alimentos assados, cozidos ou grelhados
- Pães e biscoitos integrais
- Sopas de legumes
- Frutas
- Carnes magras, como peito de frango, patinho
- Chás, sucos de fruta e água de coco
A alimentação adequada e os exercícios físicos podem contribuir para você ter um melhor nível de colesterol, mas fatores genéticos também contam, já que existem vários genes ligados à hipercolesterolemia familiar.
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O colesterol foi descoberto pela primeira vez pelo médico e químico francês François Poulletier de la Salle. A descoberta dos receptores do colesterol – LDL nas células foi feita pelos médicos norte-americanos Michael S. Brown e Joseph L. Goldstein, o que lhes rendeu o Nobel de Medicina em 1985.
No dia 08 de agosto se comemora o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, uma data que reforça a importância de se controlar os níveis de colesterol no sangue para se evitar as doenças cardiovasculares.
Alimentação rica em alimentos gordurosos, falta de exercícios físicos e fatores genéticos contribuem para o aumento do colesterol no sangue, que pode trazer como consequência as doenças cardiovasculares.
Praticando exercícios físicos regularmente, tendo uma alimentação balanceada, com frutas, legumes, verduras, carnes magras, e buscando sempre aconselhamento profissional adequado (médico e nutricionista).