Análises genéticas revelam origem dos cavalos modernos

Cavalos com fita de DNA no plano de fundo
Testes genéticos sugeriram que os ancestrais dos cavalos domesticados que temos hoje habitavam o oeste euroasiático cerca de 4 mil anos atrás

Os cavalos moldaram boa parte do desenvolvimento de várias civilizações. Eles revolucionaram, por exemplo, a velocidade do transporte de pessoas, de cargas e até mesmo a forma como as guerras eram feitas. Mas, apesar da sua importância, a origem dos cavalos modernos ainda é incerta. Ao contrário de outras espécies, cientistas têm dificuldades para distinguir quais fósseis pertencem a animais selvagens e quais pertencem aos domesticados.

Um novo estudo, publicado na renomada revista Nature, tentou esclarecer esse mistério através de análises genéticas. Ao longo dos últimos cinco anos, uma equipe de pesquisadores coletou mais de 2 mil exemplares de fósseis de regiões onde acredita-se que cavalos domésticos tenham se originado, incluindo o oeste euroasiático e a Ásia central.

A partir desses fósseis, os cientistas conseguiram extrair DNA e obter o genoma de cerca de 270 amostras. Além disso, eles também usaram métodos de datação por radiocarbono para estimar a idade de cada fóssil. Isso permitiu que eles observassem a diferença do material genético entre populações de cavalos antes, durante e após o processo de domesticação.

Análises genéticas de cavalos selvagens

Mapa da Rússia.

As análises genéticas indicaram que os cavalos modernos provavelmente tiveram origem 4.200 anos atrás nos estepes ao redor dos rios Volga e Don, onde hoje é a Rússia. Na época, diversas populações distintas de cavalos selvagens coexistiam naquela região. Essas populações eram geneticamente diferentes, mas os pesquisadores conseguiram identificar quais dessas linhagens deram origem aos cavalos domesticados de hoje.

De acordo com o estudo, foi nessa época também que os humanos passaram a reproduzir cavalos em maior quantidade. É muito provável que tenha sido o início da prática de montar cavalos para se locomover mais rapidamente, o que explicaria a demanda para maior reprodução desses animais. 

Os descendentes dessas linhagens se espalharam rapidamente pelo mundo. Em menos de 200 anos, ancestrais dos cavalos modernos já eram encontrados na Ásia Central e depois na Eurásia. A invenção da carruagem puxada por cavalos, que ocorreu por volta de 3.800 anos atrás, provavelmente também ajudou as novas linhagens de cavalos a conquistarem o continente.

Cavalos e migrações humanas

Homem cavalgando.

As descobertas do estudo também podem ajudar a elucidar alguns movimentos de migração humana. Análises genéticas de genomas humanos, por exemplo, revelaram grandes migrações dos estepes euroasiáticos para a Europa entre 4 e 5 mil anos atrás, associados à cultura Yamnaya.

Cultura Yamnaya

A Cultura Yamnaya é considerada uma das últimas do final da Idade do Cobre e início da Idade do Bronze. Pesquisadores acreditam que ela esteve ativa entre 5.600 e 4.200 anos atrás. Os Yamnayas eram predominantemente nômades, mas também praticavam agricultura perto de rios.

Acredita-se que os Yamnayas tenham ajudado a espalhar as línguas indo-europeias para a Europa, e que tenham feito isso percorrendo grandes distâncias à cavalo. Mas, de acordo com o estudo, se tantas pessoas tivessem migrado com tantos cavalos, as análises genéticas refletiriam essa mudança no perfil de ancestralidade dos cavalos, o que não aconteceu.

Assim, de acordo com os pesquisadores, talvez os cavalos não tenham desempenhado um papel tão importante na migração Yamnaya e na disseminação das línguas indo-europeias, como se acreditava. “Isso muda radicalmente nosso entendimento das migrações em massa de humanos dos estepes euroasiáticos para a Europa na Idade do Bronze”, comentou Alan Outram, bioarqueólogo da Universidade de Exeter e co-autor do estudo. “Parece que essas migrações não foram facilitadas por cavalos domésticos, como era comumente acreditado”.

Variantes genéticas e a seleção de cavalos

Os pesquisadores também analisaram algumas variações genéticas que se tornaram comuns em cavalos modernos. Dois genes, em particular, chamaram a atenção dos cientistas: o GSDMC, que em humanos, quando alterado, pode causar endurecimento dos discos vertebrais; e o ZFPM1, que é essencial para o desenvolvimento de neurônios associados à regulação do humor e agressão.

“Duas variantes dos genes GSDMC e ZFPM1 foram selecionadas desde o início do processo de domesticação dos cavalos, o que provavelmente facilitou domá-los, aumentou sua resistência ao stress e forneceu a eles um dorso mais forte”, explicou Ludovic Orlando, arqueólogo molecular da Universidade Paul Sabatier. “Essas qualidades podem explicar porque os novos cavalos obtiveram tanto sucesso no mundo inteiro”.

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