O Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, já tem 21 variantes ativas identificadas apenas no estado de São Paulo. Dentre elas, estão a variante brasileira Gama, responsável por 91% dos casos, e a britânica Alfa, ambas classificada pela OMS como “variantes de interesse”.
Os dados são do Instituto Butantan, e apontam o alto índice de contágio pela livre circulação do vírus, o que contribui para o aumento de mutações genéticas e o surgimento de novas variantes.
Em junho deste ano, o Butantan começou a divulgar relatórios com conclusões científicas obtidas a partir de milhares de amostras infectadas, analisadas pelo próprio instituto e também por instituições parceiras, como a Mendelics, empresa-mãe do meuDNA.
Boletim epidemiológico
Este é o quarto relatório divulgado, e o mais recente, com dados sequenciados de janeiro até 26 de junho. A Grande SP é a região com mais cepas identificadas, com 14 no total, seguida das regiões de Sorocaba e Campinas, com nove.
De acordo com a publicação, a versão “original” do Sars-CoV-2 já foi quase totalmente substituída por variantes com mutações genéticas. E a variante Gama, brasileira e originalmente conhecida como P.1, foi encontrada em todas as 17 regionais de saúde do estado, e identificada em 90,77% dos casos positivos da doença.
A variante Lambda, também conhecida como C.37, é originária do Peru e foi encontrada na Baixada Santista e na Grande SP. Em junho, ela foi reconhecida pela OMS como “variante de interesse”.
A existência dessas 20 variantes identificadas em circulação simultânea indica falhas na implementação de medidas de segurança, como isolamento social e uso adequado de máscara de proteção facial. A rápida evolução do Sars-CoV-2, causada pelos altos índices de contaminação, facilita o surgimento de novas variantes.

Sequenciamento de genoma
Os relatórios do Instituto Butantan reúnem dados coletados semanalmente desde janeiro deste ano. Segundo o Instituto, foram sequenciados 7.840 genomas completos de amostras de todos os 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo.
A análise do genoma completo decodifica todo o material genético do Sars-CoV-2. A partir disso, é possível analisar mutações, entender como novas variantes se comportam, identificar as que possuem maior potencial de risco e adotar políticas públicas de saúde.
O sequenciamento vai muito além do simples diagnóstico da doença. Para isso, o Instituto Butantan e as instituições parceiras separam amostras de testes positivos para a Covid-19. Depois, o RNA do vírus é extraído e decodificado com a ajuda de cientistas e equipamentos especializados.
As principais variantes do Sars-CoV-2
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, surgiram dezenas de variantes do vírus causador da doença. As mutações são perigosas porque podem tornar o vírus mais infeccioso ou mais letal.
O Sars-CoV-2 invade o corpo humano, invade as células e começa a se multiplicar em uma rápida velocidade. Durante esse processo, pode haver falhas na cópia do material genético, e quanto mais replicações, maior a chance de surgirem mutações. Sucessivas falhas geram vírus mutantes, e é assim que surgem as variantes do novo coronavírus.
Para simplificar a pronúncia e evitar estigmas, em maio deste ano a OMS (Organização Mundial de Saúde) renomeou as principais variantes do Sars-CoV-2, utilizando letras do alfabeto grego. Elas foram divididas em dois grupos:

Das 4 variantes consideradas de preocupação pela OMS, apenas a Delta não foi identificada no estado de São Paulo segundo o relatório do Instituto Butantan.
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