Em 1957, a emissora de TV britânica BBC exibiu uma reportagem sobre a inesperada colheita de espaguete em plantações na Suíça. O vídeo mostra mulheres colhendo espaguete de árvores enquanto o narrador explica como um dos invernos mais amenos dos últimos anos resultou em uma colheita excepcionalmente boa. Os amantes de espaguete devem estar animados!
A matéria, é claro, era uma piada de 1o de abril. Muitos acreditam que ela foi, inclusive, uma das primeiras pegadinhas de 1o de abril televisionadas. A tradição, entretanto, já existia há séculos.
Qual, então, é a origem do Dia da Mentira? E quais as “mentiras” mais comuns sobre o DNA?
Por que 1o de abril é o Dia da Mentira?
A origem exata do Dia da Mentira ainda é um mistério. Porém, muitos historiadores acreditam que a tradição começou na segunda metade do século XVI, na França, quando o país adotou o calendário Gregoriano.
No calendário Juliano, utilizado até então, o começo do ano era comemorado no equinócio da primavera – quando a luz solar incide da mesma forma sobre os dois hemisférios, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração. A data, no hemisfério norte, era sempre próxima ao dia 1o de abril.
Como na época as informações muitas vezes demoravam para chegar a toda população, grande parte das pessoas continuaram comemorando o Ano Novo na data antiga por muitos anos. Por isso, elas viravam alvo de piada por celebrar a ocasião com meses de atraso. A zombaria teria dado origem às pegadinhas de 1o de abril, que se espalharam pela Europa e pelo mundo nos séculos seguintes.
5 mentiras sobre o DNA
Diferentemente da matéria da BBC, que era explicitamente uma mentira, muitas afirmações sobre ciência, tecnologia e outros temas considerados complexos podem confundir uma pessoa não especializada na área. Por isso, no Dia da Mentira, escolhemos cinco das “mentiras” mais comuns que ouvimos sobre o DNA e explicamos para você o que a ciência, de fato, diz sobre elas.
- O DNA determina todas as características de uma pessoa.

O DNA tem grande influência sobre muitas das nossas características físicas, como cor de pele, do cabelo e dos olhos. Mas nosso material genético não determina todas nossas características, pois elas também são influenciadas por fatores ambientais.
Fatores ambientais são aqueles relacionados aos nossos hábitos e estilo de vida: alimentação, prática de exercícios físicos, exposição ao sol, entre outros. Os genes são parte importante da equação, mas apenas somados aos fatores ambientais é que resultam nas nossas características.
- Todos os gêmeos idênticos têm o DNA 100% igual.

Gêmeos idênticos são gerados a partir de uma única célula. Portanto, eles deveriam, em teoria, ter o DNA idêntico. Mas isso não é verdade, ao menos para uma grande parte deles, pois é possível que mutações surjam após o zigoto se dividir para dar origem a duas pessoas diferentes.
Um estudo publicado em 2021 na revista científica Nature mostrou que cerca de 90% dos gêmeos idênticos têm ao menos uma pequena diferença em seu código genético. Para chegar a esse resultado, cientistas analisaram o DNA de 381 pares de gêmeos idênticos e de dois trios de trigêmeos. Em 38 pares de gêmeos, o DNA era, de fato, idêntico. Mas, em todos os demais, havia ao menos uma mutação que diferenciava os irmãos. A diferença média encontrada pelos pesquisadores foi de cinco mutações e, em 39 irmãos, havia mais de 100 diferenças no DNA.
Quer saber mais? Leia o post “Gêmeos idênticos têm o mesmo DNA?“
- Mutações são alterações nocivas ao DNA.
Mutações são alterações no DNA. Essas alterações podem causar falhas no funcionamento de uma célula e levar ao desenvolvimento de tumores, câncer ou outras doenças. Mas nem toda alteração é prejudicial.
Muitas alterações são neutras, pois não mudam o funcionamento da célula. E algumas mutações podem ser benéficas, trazendo algum tipo de vantagem para o organismo.
Mutações são, inclusive, essenciais para a evolução. Quando uma mutação oferece algum tipo de vantagem para um organismo, aumentando suas chances de sobreviver ou de se reproduzir, por exemplo, há grandes chances da alteração genética ser passada para os seus descendentes. Assim, ao longo do tempo, a mutação inicial pode até mesmo se tornar o padrão, e não a exceção, dentro de uma população, contribuindo para a adaptação de uma espécie ao ambiente onde ela vive.
- Toda doença genética é hereditária.
Toda doença hereditária é genética, mas nem toda doença genética é hereditária.
Doenças genéticas são aquelas causadas por alterações, ou mutações, em genes. Já as doenças hereditárias são aquelas passadas de uma geração para a próxima.
Quando mutações surgem em células somáticas (todas as células do nosso corpo com exceção dos óvulos e espermatozóides), elas podem causar doenças genéticas, como câncer, por exemplo. Essas mutações, provavelmente causadas pelo envelhecimento natural do organismo ou por outros fatores ambientais (exposição a radiação, tabagismo, entre outros), não serão passadas para a próxima geração – por isso, nesses casos, a doença não é hereditária.
- É possível alterar o DNA através da dieta.
Não é possível alterar a sequência de letras que forma o DNA através da dieta.
Estudos indicam que fatores ambientais, como dieta e prática de exercícios físicos, podem ter efeitos epigenéticos. Nossos hábitos, portanto, podem influenciar na ativação ou desativação de certos genes, mas sem alterar o código genético.
Saiba mais no post “O que é epigenética?“
Por isso, mutações hereditárias associadas a doenças infelizmente serão passadas para os filhos independentemente dos hábitos de uma pessoa ao longo de sua vida, inclusive antes ou durante a gravidez.
A boa notícia é que testes genéticos podem identificar mutações associadas a doenças para que a prevenção possa começar antes mesmo dos sintomas surgirem.
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