Mutantes: o DNA do frio

ilustração de um inuíte, com roupas grossas de frio, ao lado de um iglu
Conheça o povo inuíte, os mutantes da vida real que conseguem sobreviver no frio extremo graças ao seu DNA.

Longe de ter a pele azul ou garras de adamantium, ainda assim os mutantes da vida real possuem características bem interessantes. Apesar de não serem superpoderes tão radicais quanto os personagens das telonas, as mutações genéticas permitem prender a respiração por longos minutos, viver em grandes altitudes e até viver no frio extremo.  

Os bajaus, por exemplo, conseguem mergulhar em profundidades de até 70 metros e passar 13 minutos sem respirar embaixo d’água, enquanto povos do Tibete vivem em altitudes de quase 5 mil metros, onde há bem menos oxigênio disponível para a respiração. Além desses mutantes, há quem consiga viver em locais inóspitos para a grande maioria das pessoas. 

Inuítes: mutantes que vivem no frio

Mesmo que você seja uma pessoa que prefere frio ao calor, talvez não goste tanto das baixíssimas temperaturas que podem chegar próximo às regiões polares. Mas os inuítes, povos indígenas da Groenlândia, vivem há muito tempo sob as baixas temperaturas da região: a média de temperatura durante o verão é de -3oC, e durante o inverno é de -30oC. 

Povos inuítes estão presentes também nas regiões norte do Canadá e Estados Unidos, e na Sibéria.

A dieta dos inuítes é rica em animais marinhos, que contém altas quantidades de proteínas e ácidos graxos (um tipo de gordura), especialmente o ômega-3.  Como trata-se de uma população saudável, as pesquisas inicialmente achavam que o óleo de peixe e o ômega-3 pudessem evitar doenças cardiovasculares.

Porém, um estudo genético revelou que na verdade é a genética dos inuítes que deve estar associada com a boa condição de saúde, mesmo com esse padrão de consumo alimentar

mapa mostrando região do Canadá e Groelândia, com destaque para onde vivem os inuítes

Adaptações genéticas dos inuítes

Algumas das variantes genéticas encontradas estão associadas com o metabolismo de ácidos graxos, e possuem efeito também em características físicas, como altura e peso, explicando a estatura e peso mais baixo desse povo. 

Os inuítes conseguem processar melhor os ácidos graxos que consomem, e a mudança da composição e da quantidade dessa gordura afeta a regulação de hormônios de crescimento. 

Um dos genes detectados no estudo consegue neutralizar os efeitos de uma dieta rica em gorduras, como obesidade e resistência à insulina, por aumentar o gasto energético dos inuítes. 

Outras variantes genéticas dos inuítes foram associadas também aos baixos níveis de insulina e de colesterol LDL em jejum, ou seja, pode ser que essas variantes os protegem de doenças cardíacas.

Os pesquisadores também encontraram variações genéticas que parecem estar envolvidas com a gordura marrom no corpo que é produzida em resposta ao frio para gerar calor

A gordura marrom está presente em maior quantidade e atividade em recém-nascidos e crianças, ajudando na regulação térmica. A geração de calor é produzida pelas mitocôndrias das células de gordura marrom, estimuladas pelo frio ou pela comida.

O Dr. Rasmus Nielsen, um dos autores do estudo, alertou em uma entrevista que “a dieta que é considerada saudável para os inuítes pode não ser necessariamente boa para o resto de nós”, pois como eles possuem adaptações genéticas para essa dieta, não podemos extrapolar o resultado dessa alimentação para outras populações.

Siberianos

Assim como os inuítes, os siberianos estão em ambientes de frio extremo e também possuem uma alimentação rica em gordura.
Um estudo sobre a genética dos siberianos (povos que vivem na Sibéria, uma província russa), também encontrou variações genéticas associadas à regulação energética e ao metabolismo nessa população.
Porém, são variações genéticas diferentes de outras populações que vivem no frio extremo. Os pesquisadores verificaram que mesmo entre populações siberianas as adaptações genéticas são diferentes.

Seleção natural

As variações genéticas geram características diferentes, enquanto a seleção natural é o processo que preserva os indivíduos que estão mais adaptados ao ambiente, ou seja, que estão mais aptos a sobreviver e se reproduzir. Assim, vão perpetuando a característica (e a variação genética) ao longo das gerações.

Os tentilhões de Darwin, por exemplo, possuem bicos de tamanhos e formatos diferentes. Eles habitam ilhas diferentes no arquipélago de Galápagos, com ofertas distintas de alimentos: alguns tentilhões comem insetos, outros comem sementes, outros se alimentam de flores e frutos de cactos, etc. Assim, pássaros com bicos diferentes foram preservados pela seleção natural conforme a oferta de alimento do ambiente.

O processo de seleção natural acontece com todos os organismos, inclusive nós, humanos.

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Quem são os inuítes?

Os inuítes são povos indígenas da Groenlândia. Eles vivem há muito tempo sob as baixas temperaturas da região e consomem uma dieta rica em animais marinhos.

Quais são as adaptações genéticas dos inuítes?

Algumas das variantes genéticas encontradas nos inuítes estão associadas com o metabolismo de ácidos graxos, e possuem efeito também em características físicas, como altura e peso. Outras adaptações genéticas conseguem neutralizar os efeitos de uma dieta rica em gorduras, protegem de doenças cardíacas e regulam a produção da gordura marrom, que produz calor corporal.

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