Genética do amor: é possível dar um “match” genético?

Celulares mostrando a tela de um aplicativo para compatibilidade genética
Você conhece a expressão: “Os opostos se atraem”? Entenda o fundamento genético dessa frase e descubra o que a ciência sabe sobre a base genética do amor.

Muitos filósofos, escritores e cantores já tentaram traduzir em palavras o significado do amor. E uma das descrições mais comuns relaciona o amor a um sentimento de intenso afeto e carinho por outra pessoa, seja fruto de consanguinidade ou de relações sociais. 

Mas quando se trata de atração e desejo sexual, a ciência tem algumas pistas de como ele é desencadeado nas pessoas.

MHC nas células

Pode parecer estranho, mas parte da natureza do amor vem do resultado da “impressão digital” das nossas células, o complexo principal de histocompatibilidade, mais conhecido a partir de sua abreviatura inglesa, o MHC (Major Histocompatibility Complex).

Nosso corpo é formado por diferentes tipos de células que são vigiadas pelo sistema imunológico, nosso sistema de defesa, a fim de evitar a ação de microorganismos e até de doenças como o câncer. Os MHCs são estruturas únicas presentes nas células que ajudam o sistema imunológico a reconhecer o que faz parte do nosso corpo do que não faz. 

Em seres humanos, o MHC é chamado de HLA (Human Leukocyte Antigen), ou Antígeno Leucocitário Humano, e é formado por genes que apresentam muitas variantes genéticas. Isso significa que um gene pode produzir diferentes combinações de proteínas que, neste caso, estão presentes  na superfície das células formando um padrão único: a impressão digital celular.

Célula imune verificando a identidade de células do corpo

O sistema imunológico reconhece esse padrão, então ele não ataca as próprias células. Além disso, em uma infecção viral, os HLAs conseguem captar proteínas do vírus dentro da célula e “mostram” para as células imunes que algo não está correto, modificando a impressão digital da célula. Esse é um sinal de alerta para as células imunes agirem e matarem a célula infectada.

HLA e transplantes
Nos transplantes é fundamental a análise de compatibilidade de proteínas HLA entre o doador e o receptor. Caso não haja compatibilidade, as células imunes podem reconhecer o órgão transplantado como um corpo estranho e causar rejeição.
Leia mais sobre Xenotransplante: A última aposta para o transplante de órgãos.


HLAs: genes do amor?

Quanto mais diversos forem os HLAs de uma pessoa maior será sua resistência a doenças, pois são maiores as chances dela reconhecer proteínas estranhas ao corpo e sinalizar para o sistema imunológico. De acordo com os resultados de alguns estudos, como um publicado na revista Nature, procuramos parceiros sexuais com HLA muito diferente do nosso próprio. A busca por HLAs opostos aos nossos em um parceiro confere uma grande vantagem para os nossos filhos, pois transmitiremos maior variabilidade de combinações dessas moléculas. Então, os opostos realmente se atraem!

O curioso é que os estudos apontam que a busca de parceiros sexuais com HLAs distintos está relacionada ao seu cheiro

Os fragmentos dessas proteínas podem ser encontrados em fluidos corporais como o suor, serem captadas por neurônios olfatórios e provocarem sensações agradáveis ou não em outras pessoas. 

HLA e odor

Em 1997, um estudo suíço foi um dos pioneiros a relacionar a preferência sexual de humanos com seu odor, o chamado experimento da camiseta suada. Os pesquisadores pediram para que dois homens e quatro mulheres usassem uma camiseta para dormir durante duas noites consecutivas.  Após a segunda noite de sono, a camisa era mantida em um frasco plástico e outras pessoas eram convidadas para cheirar as camisetas e as classificar em ordem de preferência de cheiro. 

Os pesquisadores, então, testaram os marcadores genéticos de HLA de quem usou e de quem cheirou as camisetas. Como resultado, eles observaram que as pessoas gostaram mais do cheiro de pessoas com os HLAs distintos dos seus.

Pessoa cheirando camisetas

Para nós humanos, há claramente uma grande quantidade de fatores que influenciam a escolha de parceiros sexuais, como sociais, culturais e comportamentais, mas quem diria que a genética poderia contribuir (pelo menos em parte)?

Seguindo a linha de que a combinação genética tem o poder de determinar qual o parceiro ideal para uma pessoa, a Netflix lançou, em 2021, o seriado The One. Na trama, pessoas podem fazer um teste de DNA e verificar parceiros que são geneticamente compatíveis. Seria o fim das relações desastrosas?

A verdade é que as evidências científicas que mostram uma relação entre a genética e o amor ainda são muito limitadas, principalmente em relação ao odor e ao comportamento sexual. Por outro lado, já se sabe muito sobre a sua conexão com a saúde e a ancestralidade.

O projeto genoma humano auxiliou cientistas a relacionar alterações genéticas com doenças e impulsionou o desenvolvimento de tecnologias, como o sequenciamento de DNA. Essa ferramenta é capaz de identificar alterações prejudiciais nesses genes e de marcadores específicos sobre a origem genética.

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O que é HLA?

HLA (Human Leukocyte Antigen) ou Antígeno Leucocitário Humano são um conjunto de proteínas localizadas na superfície de quase todas as células humanas que ajudam o sistema imunológico a reconhecer o que faz parte do nosso corpo ou não. 

Como nosso DNA influencia ou não nas decisões sobre o amor?

Alguns estudos apontam que variações genéticas encontradas nos genes HLA podem influenciar a atração sexual entre parceiros.

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