Nem todo mundo precisa da mesma quantidade de sono para descansar. Nem mesmo dormimos todos no mesmo horário. Alguns fazem sonecas durante o dia, mesmo na vida adulta, enquanto outros podem apresentar distúrbios de sono, como insônia. Diversos fatores podem influenciar os aspectos relacionados ao sono, incluindo o DNA, gerando a variabilidade dessas características entre as pessoas.
Sono e genética
A variabilidade dos aspectos do sono entre as pessoas é o resultado de fatores ambientais, como hábitos e cultura, além de inúmeras variações genéticas e de suas interações, por isso é considerada uma característica poligênica.
Os hormônios envolvidos em nosso relógio biológico são os controladores, dentre várias funções fisiológicas, do nosso despertar de manhã e da indução ao sono à noite. As variações nos genes do relógio biológico criam diferenças no período em que a pessoa se sente mais ativa (cronotipo) e também influenciam nas variações dos horários de cada pessoa dormir e acordar.
Já a duração do sono varia entre as faixas etárias (recém-nascidos dormem de 14 a 17 horas por dia e adultos precisam dormir de 7 a 9 horas) e também entre as pessoas de uma mesma faixa etária. Entre as diversas variações genéticas associadas à variabilidade de duração do sono estão mutações que afetam outros genes ou receptores de neurotransmissores envolvidos com o estado de vigília. Assim, pessoas com essas mutações precisam dormir por apenas 6 horas ou menos horas para se sentirem bem.
Mais de 100 variações genéticas já foram associadas ao comportamento de tirar sonecas durante o dia, incluindo em genes que são alvos terapêuticos para distúrbios de sono e em genes envolvidos no despertar. Há também variações genéticas que estão associadas à qualidade do sono, como nos genes envolvidos na via do hormônio serotonina (precursor da melatonina).
Porque dormimos
O sono é essencial para nos mantermos descansados. Para bebês, crianças e jovens adultos, ele contribui para o desenvolvimento físico e mental. A privação de sono pode causar inúmeras consequências, como comprometimento da atenção, do raciocínio e da coordenação motora, pode causar distúrbios de visão, variações de humor, aumentar a predisposição a doenças e, se for mantida por longos períodos, pode até mesmo levar à morte.
Dormir afeta muitas funções fisiológicas: enquanto dormimos produzimos hormônios como os que regulam o apetite e os de crescimento, nos livramos de toxinas que se acumulam durante o dia em diversos órgãos, como o cérebro, e também é o período que consolida a memória de longo prazo e o aprendizado.
E como sabemos a hora de dormir? Há dois mecanismos envolvidos, sendo o primeiro o relógio biológico, no qual o sono é estimulado pela liberação do hormônio melatonina. O segundo mecanismo é através da adenosina, uma substâncias que se acumula ao longo do dia e cria uma espécie de pressão que nos faz querer dormir, sendo também por causa desse tipo de estímulo que dormimos por mais tempo ou num sono mais profundo depois de um período insuficiente de sono.

Como dormir bem? A higiene do sono é o hábito de se manter uma rotina e um ambiente apropriado para um sono de qualidade e sem interrupções Veja as dicas do instituto do sono norte-americano National Sleep Foundation para ter boas noites de descanso: – Expor-se à luz, do sol ou artificial, durante o dia – Exercitar-se regularmente, pelo menos 30 minutos por dia, em 5 dias da semana – Fazer as refeições sempre nos mesmos horários – Criar uma rotina relaxante antes de dormir – Manter os mesmos horários de acordar e dormir todos os dias – Não usar televisão, celulares e outros dispositivos eletrônicos por pelo menos 1 hora antes de dormir – Dormir em um ambiente silencioso, fresco e escuro |
Genética e distúrbios do sono
A genética influencia também diversos distúrbios de sono, como por exemplo:
Insônia
A insônia é caracterizada pela dificuldade em pegar no sono e/ou de permanecer dormindo, sendo considerada um fator de risco para depressão, diabetes e doenças cardiovasculares. Por outro lado, muitos fatores podem contribuir para a insônia, como estresse, medicamentos e os hábitos praticados na hora de dormir.
Em relação aos fatores genéticos, pesquisadores encontraram genes associados à insônia que também estão relacionados a características psiquiátricas e de duração do sono. A expressão dos genes identificados ocorre em algumas regiões específicas do cérebro, que podem servir como novos alvos de terapia em pesquisas futuras.
Sonambulismo
Durante o sonambulismo, a pessoa realiza atividades complexas, como andar ou falar, enquanto está dormindo. Na maioria dos casos acomete crianças, especialmente do sexo masculino, e cessa na vida adulta.
Os genes por trás dessa característica e as suas causas ainda não são totalmente conhecidos, mas estudos com gêmeos e também com famílias mostram que existem fatores genéticos associados: o risco de ter episódios de sonambulismo chega a ser 10 vezes maior quando possui familiares que já tiveram sonambulismo.
Narcolepsia
A narcolepsia é um distúrbio de sono excessivo, que pode levar a pessoa a dormir em qualquer lugar, a qualquer hora. As causas ainda não são totalmente conhecidas, mas certas infecções podem ser um gatilho para a narcolepsia, além de diversos genes que já foram associados à condição, como alguns genes do sistema imunológico.
Apneia do sono e ronco
A apneia do sono é um distúrbio relacionado à respiração que ocorre enquanto a pessoa dorme e caracteriza-se por episódios de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores. O ronco é um dos sinais mais comuns desse distúrbio.
A obesidade é um dos principais fatores de risco para apneia do sono e para ronco, mas há também fatores genéticos associados a essas características. Estudos mostram que os fatores genéticos explicam de 35% a 75% da apneia do sono, enquanto cerca de 30% do ronco pode ser explicado pela genética.
O ronco possui uma associação genética com a apneia do sono, e também com outros traços, como índice de massa corporal, consumo de álcool, tabagismo, esquizofrenia e neuroticismo (um traço de personalidade).
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A apneia do sono é um distúrbio relacionado à respiração que ocorre enquanto a pessoa dorme e caracteriza-se por episódios de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores. Estudos mostram que os fatores genéticos explicam de 35% a 75% desse distúrbio.
O sono é essencial para nos mantermos descansados e contribui para o desenvolvimento físico e mental, regulação de alguns hormônios, consolidação da memória de longo prazo e aprendizado.
A variabilidade dos aspectos do sono entre as pessoas é o resultado de fatores ambientais, como hábitos e cultura, mas também de inúmeras variações genéticas que interagem entre si. Já foram descritas variações genéticas associadas ao cronotipo, variações dos horários de dormir e acordar, duração e qualidade do sono, e sonecas durante o dia.