6 exemplos de como a genética ajuda a conservação das espécies

Ilustração de molécula, DNA, cadeado e um leão em um fundo roxo.
Descubra 6 exemplos de como as ferramentas e análises genéticas podem ser usadas para conhecer melhor e preservar os seres vivos do planeta.

Conhecer para preservar. Essa frase é usada quando queremos nos referir à preservação das mais diversas espécies de seres vivos que habitam o nosso planeta. Para essa missão, podemos contar com um campo da ciência chamado Genética da Conservação.

A genética da conservação estuda a biodiversidade por meio de diversas ferramentas e análises, como o sequenciamento do DNA, com o objetivo de entender, por exemplo, se uma população está em risco e precisa de proteção.

A genética da conservação é uma ciência ampla que engloba várias áreas, como a ecologia, biologia molecular e a matemática

Descubra algumas das estratégias da genética da conservação que podem ajudar a preservar os seres vivos.

1.Bancos de DNA

“Guardar” a diversidade genética, ou seja, a informação contida no DNA de diferentes organismos, é uma das estratégias da genética da conservação, afinal, é no DNA que temos a receita para o funcionamento dos seres vivos.

Diversidade genética
Diversidade genética é o conjunto das diferentes versões dos genes que determinam as características dos indivíduos de uma espécie. Quando existe pouca variedade entre os genes de diferentes indivíduos, dizemos que a diversidade genética naquela população é baixa e isso quer dizer que os indivíduos são muito semelhantes entre si. A variabilidade genética aumenta as chances de manutenção da espécie, pois indivíduos diferentes têm características que ajudam a sobreviver em situações e ambientes diferentes. Por isso, populações com baixa diversidade genética são as mais ameaçadas de extinção.

Semelhantes às bibliotecas, os bancos de DNA são estoques onde os cientistas guardam e catalogam amostras genéticas de diferentes espécies, fazendo um inventário dos seres vivos. Os cientistas podem armazenar também amostras de células e tecidos de animais, plantas e outros organismos, de onde podem extrair, depois, o material genético.

Banco de sementes crioulas

No caso das plantas, além do DNA, existe a possibilidade de se ter um banco de sementes, que forma um conjunto de embriões de plantas com diferentes características genéticas, que podem servir no futuro para a criação de novas variedades com características de interesse, pelas técnicas de melhoramento genético.

As sementes crioulas, por exemplo, que geralmente são usadas por pequenos produtores, são importantes pois guardam a diversidade genética de variedades locais, mais raras, que foram selecionadas pelo homem (domesticação) e pela seleção natural ao longo do tempo.

2.DNA fóssil

O DNA fóssil ou DNA antigo, extraído de fósseis de museus ou de sítios arqueológicos, permite investigar seres do passado e pode ser usado para diversos fins, inclusive para a conservação das espécies. 

Pela análise das sequências do DNA de fósseis é possível ter pistas de como foi a história natural de diferentes espécies, comparando-as com espécies do presente.

Os cientistas conseguem saber, por exemplo, se foi a baixa diversidade genética que causou a extinção de uma população ou se foi o surgimento de uma mutação prejudicial. 

Conhecendo o que levou uma espécie à extinção, os cientistas conseguem monitorar melhor as populações atuais e evitar que isso aconteça novamente.

Será que com DNA fóssil é possível trazer animais extintos de volta? Saiba mais no post “É possível trazer espécies extintas de volta à vida?”.

3.DNA ambiental

DNA ambiental é aquele que não está mais no organismo e pode ser coletado de uma variedade de amostras ambientais tais como solo, água, ou até mesmo ar. Sequenciando o DNA ambiental de um lugar é possível saber quais espécies vivem ou transitam ali, sem necessariamente ver, fotografar, coletar ou capturar o ser vivo.

DNA ambiental na floresta

Um trabalho feito por pesquisadores que analisaram o DNA ambiental recuperado na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica revelou a presença de 2 espécies consideradas ameaçadas em locais inesperados, onde cientistas não imaginavam. Essas espécies são o tamanduá e a anta, animais símbolos de nossa fauna.

Sabendo os lugares que esses animais habitam e por onde passam, é possível criar melhores estratégias para monitorá-los e preservá-los.

4. Engenharia genética

A possibilidade de editar e manipular o genoma de um ser vivo, introduzindo genes de interesse de outras espécies, por exemplo, pode salvar populações em risco de extinção. A engenharia genética se mostra, assim, uma potencial ferramenta para preservar a diversidade biológica.

Esse é o caso da castanheira americana. Essa árvore símbolo dos EUA era encontrada em grande parte do território norte-americano, porém sofreu com uma praga causada por um fungo no início do século 20, que dizimou boa parte das suas florestas. 

Para recuperar sua população, os cientistas introduziram no genoma da castanheira um gene do trigo que confere resistência a essa praga, permitindo que sementes híbridas resistentes sejam plantadas, cresçam e ajudem as florestas de castanheira a se recuperarem.

Quer saber mais sobre os transgênicos? Acesse o post “Transgênicos: aliados ou inimigos?”. 

5.Reprodução de espécies em risco de extinção

Estudos genéticos em espécies ameaçadas podem ser usados para ajudar na reprodução de indivíduos em cativeiro, com o objetivo de gerar filhotes que serão introduzidos na natureza. 

A conservação da ararinha-azul

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)  é uma ave que habitava o nordeste brasileiro e é considerada extinta na natureza há pelo menos 20 anos, principalmente devido ao tráfico ilegal e à degradação de seu habitat.

Uma forma de introduzir novos indivíduos na população é pela reprodução em cativeiro. Porém, os pesquisadores precisam ter certeza de que os indivíduos que serão cruzados são geneticamente diversos (não são aparentados). 

Para isso, eles se utilizam de técnicas de genética molecular para descobrir o sexo das aves e também para verificar o parentesco entre elas. Assim, eles garantem que a nova população seja geneticamente diversa.

Em junho de 2022, 8 ararinhas-azuis foram soltas em uma área de proteção ambiental em Curaçá, na Bahia. Eles fazem parte de um projeto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade que tem por objetivo reintroduzir animais da espécie na natureza.

6.Bancos de dados genéticos dos seres vivos

Os avanços nas tecnologias de sequenciamento e processamento do DNA têm possibilitado um aumento significativo no número de organismos sequenciados. 

Muitos projetos surgiram com o objetivo de fazer um inventário da informação genética contida no DNA dos seres vivos do nosso planeta. 

Um deles é o Projeto Biogenoma da Terra (em inglês, Earth Biogenome Project). O objetivo desse projeto, que tem participação de pesquisadores do Brasil, é sequenciar, catalogar e caracterizar o genoma de todos os seres vivos eucariontes no planeta em um período de 10 anos.

Iniciativas como esse projeto representam uma parte importante de diferentes esforços que temos que fazer para conservar nossa biodiversidade, afinal vivemos com todas essas espécies e são, principalmente, as ações humanas na natureza que estão colocando a cada dia mais dificuldades para a sobrevivência das espécies. 

A genética da conservação é uma ciência ampla e que permite conhecer melhor os seres vivos e traçar estratégias para que sejam preservados.

A diversidade também está em nós

Assim como os outros seres vivos com os quais dividimos o planeta, nossa espécie também é muito diversa. Cada um de nós tem uma combinação específica de bases no DNA, combinação essa que nos faz únicos.

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    O que é genética da conservação?

    É um campo multidisciplinar da ciência com o objetivo principal de usar ferramentas e análises genéticas para traçar estratégias para o estudo e preservação das espécies.

    Como a genética pode ajudar a preservar espécies?

    Através de análises genéticas os cientistas conseguem conhecer melhor as espécies, inclusive espécies extintas, descobrindo sua diversidade. Além disso, as técnicas de genética são aplicadas para diversos fins, como a criação de organismos geneticamente modificados e para ajudar na reprodução de espécies em cativeiro.

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